Jihadistas do Estado Islâmico agora fazem parte do exército da Turquia
Tropas turcas ocuparam a cidade síria de Afrin, perto da fronteira com a Turquia, no domingo, marcando o fim de uma batalha de dois meses. Essa não foi uma vitória pequena, pois há grandes implicações históricas, sendo ali que o Império Turco Otomano teve uma das derrotas militares que ajudaram a determinar o seu fim, em 1923.
Quando soldados turcos ergueram a bandeira do seus país no centro de Afrin, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, comemorou, dizendo que “a maioria dos terroristas já fugiu”. Esses “terroristas” a que Erdogan se referiu são as forças curdas que lutaram contra o Estado Islâmico durante anos na região.
O especialista em Oriente Médio, Dr. Jonathan Spyer, diretor do Centro Interdisciplinar de Herzliya (Israel) e membro do Fórum pelo Oriente Médio, explicou que: “Do ponto de vista estratégico, os curdos da Síria têm sido os aliados mais fiéis e efetivos do Ocidente na luta contra o Estado Islâmico nos últimos quatro anos”. Ele também chama atenção que entre os soldados do exército turco havia milícias da Al Qaeda e outros que seriam do Estado Islâmico (EI).
Há vídeos mostrando que eles ameaçavam os cristãos curdos para se converter ao Islã ou morrer, usando uma prática comum do EI. Entre as poucas informações que chegam sobre a incursão militar no norte da Síria, há registros que pelo menos 150.000 curdos fugiram da área.
Quando a ONU e a União Europeia alertaram para indícios de “limpeza étnica”, uma vez que não há provas de atos terroristas contra a Turquia por parte dos curdos, Erdogan ridicularizou as tentativas do Ocidente de impedir a ofensiva.
“Não há nada que o Parlamento Europeu possa dizer à Turquia. E o que quer que disserem vai entrar por um ouvido e sair pelo outro”, disse Erdogan.
Segundo a imprensa da Turquia, os militares turcos controlam 282 aldeias no norte da Síria e agora se deslocam para o Iraque. Erdogan anunciou que irá mobilizar suas forças contra todos os curdos, mesmo com a oposição dos EUA.
O Curdistão é uma região semiautônoma no norte do Iraque e abriga cerca de seis milhões de pessoas. A região curda do Iraque, com cerca de 6 milhões de habitantes, já detém certa autonomia no sistema administrativo do país, mas o referendo de setembro busca pressionar o governo nacional a dialogar com o governo regional, mirando uma separação total no futuro. Em nenhum outro país os curdos possuem tanta autonomia quanto no Iraque. Com informações CBN e Hurriyet Daily News