A Possibilidade de Confronto Entre a Turquia e os EUA
Em 20 de janeiro, a Turquia iniciou a Operação Ramo de Oliveira contra a região curda na Síria, na província de Afrin, ao norte daquele país, para combater por terra e ar os integrantes das Unidades de Proteção Popular (YPG). Esta iniciativa turca abriu uma nova frente na guerra síria com potencial de expansão sobre Manbij, outra área controlada pelos curdos.
A continuidade das ofensivas turcas aumenta o temor de um possível enfrentamento entre a Turquia e os EUA, ambos os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). As YPG, consideradas por Ancara um grupo terrorista, tem recebido apoio norte-americano no que se refere ao fornecimento de armas e treinamento, uma vez que os seus combatentes exercem um papel fundamental na luta contra o Estado Islâmico, liderada pelos EUA. O apoio de Washington às YPG tem enfurecido a Turquia que já solicitou a retirada imediata das tropas norte-americanas da cidade de Manbij, a qual pretende atacar. O presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, declarou que as suas forças seguirão para leste do rio Eufrates, em direção a Manbij, alargando assim o seu raio de ação que estava concentrado a oeste do rio. Na prática, isto significa que, os soldados turcos seguirão para o território onde estão estacionadas as tropas norte-americanas. Em contrapartida, a coligação internacional anti-Estado Islâmico sublinhou que os seus soldados e as forças curdas “têm o direito a defender-se” e “fá-lo-ão se se provar necessário”, isto é, se tiverem que enfrentar os turcos no terreno.
No domingo, 28 de janeiro, os EUA afirmaram que não vão recuar em Manbij e não consideram a possibilidade de retirar as suas tropas daquele local. As últimas operações turcas têm desgastado as relações entre Ancara e Washington e gerado preocupação em torno de um possível confronto entre os dois países. Muitos analistas consideram haver o risco de a Turquia e os EUA se enfrentarem em solo sírio. Nenhuma das partes, até o presente momento, demonstrou interesse em ceder em seus propósitos. De acordo com Erdoğan, o objetivo é limpar Manbij dos terroristas, ou seja, eliminar as YPG. Segundo ele, “ninguém deve ser incomodado por isso, pois os verdadeiros donos de Manbij não são esses terroristas, são nossos irmãos árabes. Depois de Manbij, continuaremos nossa luta até que não reste nenhum terrorista até a fronteira iraquiana”. Neste contexto, a falta de cedências poderá ser o estopim para um conflito entre a Turquia e os EUA, pelo que tanto a diplomacia quanto a ação da comunidade internacional serão imprescindíveis para apagar qualquer fagulha e evitar maior instabilidade na Síria e uma catástrofe humanitária a partir da confrontação entre os dois membros da OTAN.
Marli Barros Dias
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Imagem:
Os EUA não têm planos para sair de Manbij, apesar do aviso da Turquia.
(Fonte):
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