Foguetes disparados do Norte da Síria contra a Turquia matam dois
Duras pessoas morreram e 13 ficaram feridas na madrugada desta quarta-feira ao serem atingidas por foguetes disparados a partir do Norte da Síria contra a cidade fronteiriça turca de Kilis, anunciou o governador da província. Os projéteis, um dos quais atingiu e danificou uma mesquita, teriam sido disparados pelos combatentes curdos das Unidades de Proteção do Povo (YPG), segundo a imprensa turca. O ataque acontece no quinto dia de uma ofensiva da Turquia contra a milícia na região de Afrin, no Norte da Síria.
Um segundo foguete caiu em uma casa a 100 metros de distância, de acordo com o governador Mehmet Tekinarslan. Segundo ele, um dos mortos é turco e o outro sírio. Entre os feridos, oito foram atingidos na mesquista e cinco na residência próxima, sendo que duas vítimas estão em estado grave. Pouco depois da queda dos foguetes, a artilharia turca disparou em direção à Síria, de acordo com a imprensa internacional.
— Eu estava na mesquita. Depois deixei a oração e fui para a minha loja. Um minuto depois uma bomba caiu — relatou à AFP Abdulkadir Ciyanoglu. — Houve um grande barulho e imediatamente vi pessoas correndo em pânico.
A Turquia considera as YPG como terroristas e acusa o grupo de ser a facção síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que trava uma sangrenta guerra em solo turco desde 1984. No entanto, com apoio bélico dos Estados Unidos, os militantes da YPG lideram no terreno sírio a luta contra o grupo Estado Islâmico (EI).
CERCA DE 260 MORTOS
Desde o início da ação militar turca no último sábado, a Turquia matou ao menos 260 combatentes curdos da Síria e militantes do Estado Islâmico, disseram os militares turcos na terça-feira. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja debater preocupações com o presidente turco, Tayipp Erdogan, em uma ligação telefônica prevista para esta quarta-feira sobre a ofensiva de Ancara contra as forças curdas YPG. O presidente francês, Emmanuel Macron, também demonstrou inquietação, poucas horas após o ministro do Exterior da Turquia dizer que deseja evitar qualquer conflito com as forças do governo dos EUA, da Rússia ou da Síria durante sua ofensiva, mas faria o que fosse preciso pela sua segurança.
A operação aérea e terrestre abriu uma nova frente na guerra civil multilateral da Síria e poderia ameaçar os planos dos EUA de estabilizar e reconstruir uma grande área do nordeste da Síria — para além do controle do presidente Bashal al-Assad —, onde Washington ajudou uma força dominada pelo YPG a expulsar militantes do Estado Islâmico.
Tanto os Estados Unidos quanto a Rússia têm forças militares na Síria apoiando lados opostos e fizeram apelos à contenção em parte da “Operação Ramo de Oliveira” de Ancara para destruir o YPG na região de Afrin. Uma autoridade sênior do governo Trump, que falou com repórteres sob condição de anonimato, disse que Ancara havia mandado “sinais confliantes” sobre o escopo da ofensiva.
— Nós vamos ter que ver como isso se desenvolve no solo. Mas a nossa mensagem foi unificada. Nós apreciaríamos isso e nós pedimos que eles limitem a incursão o quanto antes — afirmou.
Uma nota do gabinete de Macron informou: “Levando em conta os imperativos de segurança da Turquia, o presidente expressou ao seu equivalente turco suas preocupações seguindo a intervenção militar lançada no sábado em Afrin.”
Erdogan disse a Macron na terça-feira que a Turquia está tomando todas as medidas para evitar mortes de civis na operação Afrin, disseram fontes no palácio presidencial. Os dois líderes concordaram em manter contato próximo sobre o assunto.
Originalmente publicado em: https://oglobo.globo.com/