Palestinos pedem que países islâmicos reconheçam Jerusalém como sua capital
Após vários dias de protestos em seu território, queimando bandeiras de Israel e fotos de Trump, lançando foguetes contra território israelense e promovendo manifestações em países com grandes comunidades islâmicas, os palestinos decidiram tentar uma manobra diplomática.
Se forem bem-sucedidos, isso poderá mudar cenário do Oriente Médio. O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan convocou os países-membros da Organização Para a Cooperação Islâmica para uma cúpula na próxima quarta-feira (13). A reunião, sediada em Istambul, promete ser uma “resposta” ao reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel.
Os discursos de Erdogan nos últimos dias não deixam dúvidas que ele deseja alguma iniciativa concreta por parte das nações islâmicas em relação a Jerusalém, considerada um local sagrado pelos muçulmanos. “A Palestina é uma vítima inocente […] e Israel é um Estado terrorista […] Não deixaremos Jerusalém à mercê de um Estado que mata crianças”, disse Erdogan em uma reunião no domingo (10) do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), dominado por ele.
A mídia do Oriente Médio noticiou que a Autoridade Palestina está pedindo aos países muçulmanos que reconheçam Jerusalém como a capital da Palestina durante a cúpula daqui a dois dias, a ser realizada em Istambul. O local é simbólico, já que durante a Idade Média foi a sede do Império Otomano, que dominou Jerusalém por 400 anos.
Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente, disse que Erdogan já conversou com o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas e outros chefes de nações islâmicas como Catar, Irã, Arábia Saudita, Paquistão, Malásia, Tunísia e Indonésia. Adnan al-Husayni, o “governador” designado pela Autoridade Palestina para Jerusalém, declarou que decretar Jerusalém como capital palestina seria uma resposta para o discurso de Trump. “Pode ter um impacto muito forte em nível político”.
Já o presidente turco disse no domingo: “Continuaremos ao lado dos oprimidos, vamos aproveitar todas as oportunidades que temos para a nossa primeira qibla, Jerusalém”, referindo-se às orações islâmicas e à cidade sagrada.
A Turquia acusou os EUA de ser um “parceiro no derramamento de sangue” promovido por Israel. Nos últimos meses, ocorreram várias manifestações de ira dos turcos por causa do apoio dos EUA às Forças Democráticas no leste da Síria, que Ankara vê como parceira do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que lutam pela independência da região.
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, já confirmou que participará da cúpula de Istambul e fará um pronunciamento. Erdogan e Rouhani se encontraram em Sochi no final de novembro com o presidente russo, Vladimir Putin. A luta por Jerusalém poderá unir as três maiores forças engajadas na guerra na Síria, país vizinho de Israel.
Também devem estar presentes o presidente do Líbano, Michael Aoun, e o rei Abdullah da Jordânia, que lideram países com histórico de guerras contra Israel.
A reunião de Istambul ocorre dois dias depois que a Liga Árabe condenou a decisão de Jerusalém, no sábado. Na segunda-feira, Abbas foi ao Cairo para se encontrar com o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi.
A Cúpula de Istambul, como está sendo chamada, pode ser o maior teste de força dos palestinos, uma vez que Erdogan vem clamando por uma união dos países islâmicos. Recentemente, foi formada a maior aliança militar da terra, com muitas das nações que atenderão o chamado. Sua fundação seria para lutar contra o terrorismo, exatamente a acusação que recai agora sobre Israel.
Ao mesmo tempo, 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU votaram contra a decisão dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital apenas de Israel.
Durante o encontro desta segunda-feira com representantes da União Europeia (UE), o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu que as nações europeias seguissem o exemplo dos EUA e reconhecessem Jerusalém como capital de Israel, mas ouviu uma negativa. Federica Mogherini, Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, que no passado já pressionou pela divisão de Jerusalém com os palestinos, diz que as nações europeia não abrem mão da “solução dos dois estados”. Com informações de Jerusalem Post
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