Presidente turco abre a porta a cooperação com Bashar al-Assad
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que Ancara não iniciou qualquer diálogo com o líder sírio, Bashar al-Assad, mas deixou “a porta aberta” a essa possibilidade, noticiou hoje o jornal Cumhuriyet.
“As portas da política estão abertas até ao último momento”, declarou Erdogan, ao regressar da estância balnear russa de Sochi, onde participou na cimeira entre Turquia, Rússia e Irão sobre a Síria.
Questionado sobre se manteve algum contacto com o homólogo sírio, Erdogan afirmou que tal não aconteceu, sem descartar, no entanto, um futuro encontro.
As declarações de Erdogan podem representar uma mudança na política turca na Síria que não só se tem mostrado relutante relativamente a qualquer contacto com Damasco, desde o início da guerra, em março de 2011, como qualificou Al-Assad de “assassino” e considerou que não tem lugar no futuro do país.
O Presidente turco também não descartou a possibilidade de cooperar com Damasco contra a milícia curdo-síria Unidades de Proteção do Povo (YPG, na sigla em curdo), apesar de fazer uma distinção entre as políticas da Turquia e da Síria relativamente aos curdos.
Erdogan assinalou que enquanto Ancara é apenas contra a guerrilha YPG, Damasco leva a cabo uma dura campanha contra os seus cidadãos curdos, que nem sequer têm bilhetes de identidade.
As autoridades turcas consideraram as milícias YPG uma filial do grupo armado e ativo em solo turco Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, ilegalizado) e mostraram receio face às suas ambições territoriais no norte da Síria.
Ancara tem que a situação da minoria curda na Síria afete a que existe no seu próprio território, onde vivem até 15 milhões de cidadãos turcos daquela etnia.
“Aquilo que acontecer amanhã baseia-se nas circunstâncias do momento. Não é apropriado ter uma predisposição e dizer `de modo nenhum`”, afirmou sobre a sua abertura ao diálogo.
O Presidente turco disse ainda, após a reunião em Sochi, que o principal objetivo é alcançar uma solução política que seja aceite por todas as partes, além de uma nova Constituição e eleições nas quais possam votar todos os sírios no país ou no estrangeiro.
No entanto, a Turquia reiterou que nunca irá aceitar que as YPG se sentem à mesa de negociações sobre o futuro da Síria, considerando-as uma organização terrorista vinculada ao ilegalizado PKK, em rebelião desde 1984.
Originalmente publicado em: https://www.rtp.pt/