Macedônia fecha fronteira com Grécia para bloquear entrada de refugiados
O governo da Macedônia anunciou nesta quarta-feira (9) que fechou completamente sua fronteira com a Grécia e que nenhum imigrante entrou no país por essa rota desde terça-feira (8).
A medida faz com que, na prática, a chamada “rota dos Bálcãs” esteja totalmente bloqueada para a passagem de refugiados que chegam à Grécia a partir da Turquia e de lá tentam iniciar sua viagem rumo a países da Europa Central.
As autoridades macedônias afirmaram que apenas seguiram o que países vizinhos fizeram. Desde a 0h desta quarta, Eslovênia, Croácia e Sérvia não permitem mais que migrantes sem passaporte válido ou visto ingressem em seus territórios.
As medidas são um golpe duro para a chanceler alemã, Angela Merkel, que buscava uma negociação conjunta sobre as fronteiras dos países balcânicos. Ela conseguiu tirar o termo “fechamento” da rota dos Bálcãs na versão final da declaração de líderes europeus após a cúpula extraordinária sobre refugiados, na última segunda-feira (7), em Bruxelas.
Dimitar Dilkoff/AFP | ||
Migrantes e refugiados na fronteira entre Grécia e Macedônia, próximo à vila de Idomeni |
No fim, o texto dizia que o “fluxo irregular de migrantes pela rota dos Bálcãs ocidentais chegou agora ao fim”. Merkel defendia uma maior discussão entre os países-membros da UE em novo encontro do bloco marcado para os dias 17 e 18, mas as decisões unilaterais das nações balcânicas comprometem a busca de uma política comum.
A situação mais dramática na região ocorre na fronteira entre Grécia e Macedônia. Ao menos 10 mil pessoas estão retidas na área fronteiriça, do lado grego, em condições precárias. Outras 20 mil estão em acampamentos montados pelo governo grego em todo o país. Ao longo do ano passado, cerca de 1 milhão de refugiados passaram pela rota balcânica.
CHAVES DA UE AO ‘SULTÃO’ ERDOGAN
Os deputados do Parlamento Europeu se reuniram nesta quarta (9) e engrossaram o coro de críticas ao acordo fechado entre a União Europeia e a Turquia para tentar conter o fluxo de refugiados dentro do bloco.
“Não nego que precisamos da Turquia para enfrentar essa situação (…), mas estamos dando as chaves da porta de entrada da Europa nas mãos da Turquia, dos sucessores do Império Otomano e de Erdogan, diria eu talvez o sultão Erdogan””, disse o líder da bancada liberal no Parlamento, Guy Verhofstadt, ex-premiê da Bélgica.
Pelo acerto feito com Ancara, os turcos podem reconduzir a seu país todo migrante e refugiado que for pego em ilhas gregas fazendo a travessia do Egeu e, para cada sírio apanhado, a UE se compromete a assentar outro que já esteja vivendo em acampamentos na Turquia.
A crítica dos eurodeputados se deve principalmente às exigências feitas por Ancara, como dobrar a ajuda europeia a refugiados para € 6 bilhões (R$ 24,9 bilhões), facilitar a liberação de vistos de turismo para cidadãos turcos em viagens à Europa e acelerar o processo de entrada da Turquia no bloco europeu.
A “troca” de sírios também foi alvo de críticas da ONU, que questionou a legalidade da ação diante das convenções de direitos humanos, e também de entidades como Anistia Internacional e Médicos Sem Fronteiras.
A medida deverá sufocar ainda mais o intenso fluxo migratório que vem sendo registrado na chamada rota dos Bálcãs. Ao longo do ano passado, cerca de 1 milhão de pessoas cruzaram os países da região rumo à Europa central.
JULIANO MACHADO
DE BERLIM