Combate ao terrorismo domina debates na Cúpula OCI
A luta contra o terrorismo em nome do Islã dominou nesta quinta-feira o início da 13ª cúpula da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), realizada em Istambul, na Turquia, onde também foi discutido o difícil equilíbrio existente entre as diferentes potências muçulmanas.
O tema foi proposto pelo ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shukri, que discursou hoje para encerrar a presidência rotativa do país na cúpula, posto ocupado desde o último encontro, realizado em 2013, no Cairo, e que agora passa para a Turquia.
Shukri fez referência em seu discurso ao “equilíbrio de forças” durante a Guerra Fria e criticou a posterior difusão do “modelo ocidental”, sem levar em consideração as particularidades regionais.
Essa questão, afirmou o chanceler egípcio, levou à invasão do Iraque e ao surgimento de grupos como o Estado Islâmico (EI).
Imediatamente após seu discurso, Shukri deixou o evento, sem esperar a foto de passagem do posto para a Turquia, o que mostra a distância que ainda separa os dois países, destacou o jornal “Hürriyet” em seu site.
Egito e Turquia romperam as relações diplomáticas após o golpe de Estado promovido por Adbul Fatah al Sisi, atual presidente egípcio, em 2013. A visita “forçada” de Shukri foi o primeiro contato de alto nível entre Ancara e Cairo desde a ruptura.
A rapidez da visita, porém, desmentiu os rumores de que o rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul Aziz, que está na Turquia desde segunda-feira em visita oficial, teria trazido uma mensagem de reconciliação.
A longa visita de Salman e a assinatura de um manifesto conjunto ressaltaram as excelentes relações turco-sauditas, que até um ano atrás também vivia um momento ruim pelo apoio de Ancara à Irmandade Muçulmana no Egito, movimento ao qual Riad se opõe.
Por outro lado, a participação bem mais discreta do presidente do Irã, Hassan Rohani, mostrou a vontade de Teerã e Ancara de manterem uma relação correta de vizinhança, apesar das discordâncias sobre o conflito na Síria. Enquanto o Irã apoia o presidente Bashar al Assad, a Turquia respalda os rebeldes que atuam no país.
Em seu discurso de hoje, o presidente iraniano recorreu ao denominador comum que une quase todos os países muçulmanos: a crítica a Israel como responsável por todos os males na região.
Rohani afirmou que Israel é a “maior fonte de violência e extremismo”, diante da “ignorância da comunidade internacional”, de acordo com a agência oficial iraniana “Irna”.
“Devemos lembrar o perigo do regime sionista, a maior fonte de violência e extremismo”, declarou o presidente iraniano, considerado moderado, ao afirmar que Israel comete “atos desumanos” na Faixa de Gaza, dominada pelo Hamas, outro grupo radical apoiado por Teerã.
Por outro lado, Rohani afirmou que desde as origens da comunidade islâmica ninguém assumiu que a violência sectária e o extremismo fossem tão extremos entre os mulçumanos, “até o ponto que um assassinato de um muçulmano por outro ser tão habitual”.
Nesse sentido, o anfitrião da cúpula, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o combate ao terrorismo em nome do Islã deve ser a prioridade da OCI.
“As organizações terroristas que atacam em nome do Islã nunca podem representar o Islã. O terror e a violência são hoje um dos problemas mais importantes do mundo islâmico”, disse o presidente turco em seu discurso na cúpula.
Erdogan se reuniu ontem em Istambul com alguns líderes próximos, entre eles Najib Razak, primeiro-ministro da Malásia, e os presidentes do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, do Paquistão, Mamnun Hussein, do Azerbaijão, Ilham Aliyev.
Nazarbayev e Erdogan assinaram uma declaração conjunta na qual propuseram dar à OCI um papel ativo para fomentar uma aproximação entre os países islâmicos e transformá-la em uma “futura plataforma da comunidade islâmica”.
Cazaquistão, um país laico com uma população majoritariamente muçulmana, é membro da OCI desde 1995 e presidiu o Conselho de Ministro das Relações Exteriores da entidade em 2011.
Apesar de OCI, que tem sua sede em Yida (Arábia Saudita), manter diversos centros regionais na Turquia, Marrocos e Bangladesh, Riad voltou a aumentar seu peso na instituição com a nomeação há dois anos do atual secretário-geral Iyad ben Amin Madani.
Fonte: http://noticias.terra.com.br