Síria: a maior crise de refugiados de uma geração
A mais recente atualização do desastre humanitário provocado pela guerra civil síria mostra que 4 milhões de pessoas deixaram a Síria desde o início de 2011, tornando o conflito a maior crise de refugiados desde 1992.
O número computado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, 4.013.000 pessoas, só é mais baixo que o verificado no Afeganistão há 23 anos, quando 4,6 milhões de pessoas deixaram o país em meio à guerra civil pós-desocupação soviética.
Há ainda, segundo a ONU, mais 7,6 milhões deslocadas internamente na Síria, 270 mil pessoas em busca de asilo na Europa e outros milhares refugiados em países de fora do Oriente Médio, como o Brasil, que abriga até aqui 1,6 mil sírios.
Como mostra o mapa abaixo, a Turquia é o país que mais recebeu refugiados, seguido pelo Líbano, pela Jordânia e pelo Iraque, onde também atua o Estado Islâmico.
As condições em que os refugiados vivem são precárias. No caso da Jordânia, 86% dos refugiados vivem abaixo da linha da pobreza (US$ 3,2 por dia) e precisam de doações para terem uma sobrevivência minimamente digna.
No Líbano, 55% das pessoas vivem em abrigos deficientes, uma vez que o governo libanês não autoriza a criação de campos de refugiados oficiais e impõe uma série de dificuldades para os sírios em fuga.
Na Turquia, a chegada de quase 2 milhões de sírios provocou um pesado impacto na economia e, a longo prazo, pode afetar o tecido social turco. É provável que a maior parte desses refugiados se tornem moradores permanentes da Turquia, parte deles integrando uma geração perdida, vivendo em um limbo sem emprego, escola, oportunidade ou perspectivas.
A ONU pediu US$ 5,5 bilhões em doações para remediar o problema dos refugiados, mas até agora só conseguiu um quarto deste montante.
Foto: Refugiados sírios curdos nas cercanias de Kobani, antes de cruzarem para a Turquia / I. Prickett / UNHCR