A mulher no Oriente Médio e a Primavera Árabe
Vale a pena conferir a entrevista que a escritora Amal al-Malki, do Catar, deu para a versão em inglês da rede de TV Al Jazeera, também do Catar. Amal é professora da universidade Carnegie Mellon no Catar e coautora de Arab Women in Arab News: Old Stereotypes and New Media, um estudo sobre como a imprensa árabe retrata a mulher na região.
Amal diz que o único ponto positivo da Primavera Árabe para as mulheres foi o fato de expor para o mundo todo como elas têm seus direitos violados constantemente. Segundo ela, nos primeiros meses da Primavera Árabe, a participação das mulheres nas manifestações democráticas foi “romantizada” e hoje elas perderam a voz novamente. Amal se esforça para dizer que a situação da mulher no Oriente Médio não é fruto do Islã, mas sim de “costumes patriarcais pré-islâmicos” e de “interpretações patriarcais do Islã” que se tornaram lei.
Amal diz ser preciso quebrar a ideia de que se possa fazer uma generalização da “mulher árabe”. Ela lembra que as mulheres árabes vêm de diversos universos diferentes. Segundo Amal, enquanto há muitas mulheres altamente educadas em países do Golfo Pérsico, há milhões de outras que, mesmo educação de qualidade, precisam participar das finanças da família.
Na entrevista, a escritora fala brevemente ainda de outros assuntos polêmicos, como os casamentos consanguíneos no Catar, onde quase metade dos matrimônios são deste tipo, e do assédio sexual no Egito, uma prática, lamentavelmente, muito comum no país.
Apesar do pessimismo, Amal diz ter fé nos movimentos feministas árabes e nas mulheres que desejam fazer uma reinterpretação do Islã por meio de um prisma feminino. Segundo ela, a sociedade árabe precisará ser “reprogramada” para aceitar algo do tipo.