Turquia persegue e manda prender 42 jornalistas
Autoridades turcas emitiram ordens de prisão contra 42 jornalistas, nesta segunda-feira (25/7) no âmbito da investigação do golpe de Estado frustrado de 15 de julho, anunciou a emissora CNN.
Entre eles se encontra a jornalista Nazli Ilicak. Profissional de destaque na profissão, ela foi demitida do jornal pró-governamental Sabah em 2013 por ter criticado ministros envolvidos em um escândalo de corrupção, indicaram os canais de televisão NTV e CNN-Turk.
Nascida em 1944, Nazli Ilicak havia lançado no ano passado o jornal Ozgür Düsünce (“Pensamento Livre”).
Ilicak não estava em sua casa nesta segunda-feira e pode estar de férias no mar Egeu, informou o jornal Hurriyet, que citou o procurador antiterrorista de Istambul, Irfan Fidan.
No sábado passado, o presidente Recep Tayyip Erdogan havia advertido em uma entrevista à France 24 que, se “os meios de comunicação apoiarem o golpe de Estado, sejam meios audiovisuais ou outros, vão pagar caro”. “É a lei, é o direito, os meios de comunicação têm a obrigação” de respeitar a lei, havia advertido Erdogan, criticado pela União Europeia pela severidade da repressão consecutiva ao golpe de Estado.
No dia 19 de julho, o organismo regulador dos meios de comunicação turcos retirou a licença de 24 canais de televisão e rádios suspeitos de pertencer ao pregador Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos desde 1999 e acusado de ter instigado o golpe.
O organismo também havia retirado a carteira profissional de 34 jornalistas considerados próximos a Gülen.
Em março passado, o jornal Zaman e a agência de notícias Cihan foram confiscados pelo estado.
Nesta segunda-feira, a polícia deteve 40 pessoas em uma escola militar de Istambul, indicou a agência Anatolia.
Erdogan deve receber às 11h GMT (8h de Brasília) as autoridades da oposição Kemal Kilicdaroglu, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), e Devlet Bahceli, do Partido de Ação Nacionalista (MHP).
Já Selahattin Demirtas, chefe do Partido Democrático dos Povos (HDP), pró-curdo, não foi convidado por Erdogan.
No domingo, Istambul acolheu uma manifestação contra a recente tentativa de golpe de Estado, que reuniu pela primeira vez opositores e partidários do presidente Erdogan.
“Nem golpe de Estado, nem ditadura!”: gritaram milhares de turcos que invadiram a praça Taksim de Istambul, em rechaço aos golpistas de 15 de julho e também para manifestar sua preocupação ante a resposta do poder à tentativa fracassada.
A manifestação aconteceu no mesmo dia em que o grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) afirmou que há provas concretas de abusos e de uso de tortura na Turquia contra pessoas detidas depois da tentativa de golpe.