Governo do Quênia confirma deportação de 4 turcos ligados ao Hizmet
O Ministério das Relações Exteriores do Quênia confirmou a deportação de quatro turcos cujo paradeiro estava desconhecido desde que foram sequestrados por indivíduos não identificados em Nairóbi na sexta-feira, anunciou um alto funcionário do ministério queniano.
O Secretário Principal de Relações Exteriores do Quênia, Korir Sing’oei, disse em um comunicado no X nesta segunda-feira que os quatro foram repatriados para seu país de origem na sexta-feira a pedido da Turquia.
“O Quênia confirma que quatro cidadãos da República da Turquia foram repatriados para seu país de origem na sexta-feira, 18 de outubro de 2024, a pedido do governo da Turquia”, disse o comunicado, acrescentando que o Quênia atendeu a este pedido “com base nas robustas relações históricas e estratégicas ancoradas em instrumentos bilaterais entre nossos respectivos países.”
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— Korir Sing’Oei (@SingoeiAKorir) 21 de outubro de 2024
O comunicado não mencionou os nomes dos cidadãos turcos, mas acredita-se que sejam Mustafa Genç, Hüseyin Yeşilsu, Öztürk Uzun e Alparslan Taşçı, que estavam entre as sete pessoas sequestradas em Nairóbi na sexta-feira. Enquanto três das vítimas, incluindo um cidadão britânico e um menor, foram libertadas posteriormente, outros quatro permaneciam desaparecidos.
O comunicado disse que os quatro cidadãos turcos deportados residiam no Quênia como refugiados, acrescentando que o ministério recebeu garantias das autoridades turcas de que eles seriam tratados com dignidade, em conformidade com as leis nacionais e internacionais relevantes.
Nos últimos dias, houve um aumento nas demandas nas redes sociais por parte de grupos de direitos humanos e participantes do Hizmet para que o governo queniano localizasse os indivíduos desaparecidos, garantisse seu retorno seguro e responsabilizasse os autores do incidente.
Muitos ficaram decepcionados com a notícia desta segunda-feira e acusaram o governo queniano de violar o direito internacional ao deportar indivíduos sob a proteção da ONU.
O incidente levantou preocupações de que os sequestradores estavam operando sob a direção da agência de inteligência turca MİT, que é conhecida por empregar métodos extralegais, incluindo sequestros, para garantir o retorno de apoiadores do movimento Hizmet no exterior.
O presidente turco Recep Tayyip Erdoğan vem perseguindo os participantes do movimento Hizmet, inspirado no clérigo muçulmano turco baseado nos EUA, Fethullah Gülen, desde as investigações de corrupção de 17 a 25 de dezembro de 2013, que implicaram o então primeiro-ministro Erdoğan, sua família e seu círculo íntimo.
Desconsiderando as investigações como um golpe e uma conspiração do Hizmet contra seu governo, Erdoğan designou o movimento como uma organização terrorista e começou a alvejar seus membros. Ele intensificou a repressão ao movimento após uma tentativa de golpe em 15 de julho de 2016, da qual ele acusou Gülen de ser o mentor. Gülen e o movimento negam veementemente o envolvimento na tentativa de golpe ou qualquer atividade terrorista.
Gülen faleceu no domingo em um hospital nos Estados Unidos, onde vivia desde 1999.
Fonte: Kenyan government confirms deportation of 4 Gülen-linked Turks – Turkish Minute