Turquia intensifica repressão ao movimento Hizmet e ordena detenção de 73 pessoas em 2 dias
Os promotores intensificaram a repressão da Turquia ao movimento Hizmet após o anúncio de um novo gabinete pelo presidente Recep Tayyip Erdoğan no sábado e em dois dias ordenaram a detenção de 73 pessoas devido a supostos vínculos com o movimento, informou o Stockholm Centre for Freedom, citando mídia local.
Em duas investigações separadas, o Ministério Público de Ancara emitiu na terça-feira mandados de detenção para 30 indivíduos, incluindo advogados e ex-funcionários públicos, por supostos vínculos com o movimento Hizmet, um grupo religioso acusado pelo governo de atividades “terroristas”. A polícia iniciou operações para prender os suspeitos.
Dezenove pessoas também foram detidas na terça-feira em nove províncias, depois que o Gabinete do Procurador-Geral de Izmir emitiu mandados de detenção para 23 suspeitos, incluindo oficiais militares demitidos e ex-cadetes militares.
Como parte de uma investigação lançada pelo Gabinete do Procurador-Geral de Konya, foram emitidos mandados de detenção na segunda-feira para 19 indivíduos, incluindo empresários e ex-militares. Alguns deles foram acusados de usar o ByLock, um aplicativo de mensagens criptografadas usado em smartphones que costumava estar disponível na App Store da Apple e no Google Play. A polícia turca realizou operações em sete províncias e deteve 18 dos suspeitos.
O presidente Erdoğan tem como alvo os seguidores do movimento Hizmet, inspirado pelo clérigo muçulmano turco Fethullah Gülen, desde as investigações de corrupção de 17 a 25 de dezembro de 2013, que envolveram o então primeiro-ministro Erdoğan, seus familiares e seu círculo íntimo.
Desconsiderando as investigações como um golpe Hizmetista e conspiração contra seu governo, Erdoğan designou o movimento como uma organização terrorista e começou a visar seus membros. Ele intensificou a repressão ao movimento após um golpe abortado que ele acusou Gülen de ser o mentor. Gülen e o movimento negam veementemente envolvimento na tentativa de golpe ou qualquer atividade terrorista.
O aplicativo de mensagens ByLock, antes amplamente disponível online, é considerado pelo governo uma ferramenta de comunicação secreta entre os apoiadores do movimento. O Grupo de Trabalho do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre Detenção Arbitrária (WGAD) afirmou repetidamente que a prisão e condenação com base no uso de ByLock na Turquia violou os artigos 19, 21 e 22 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
Após a tentativa de golpe, o governo turco declarou estado de emergência e realizou um expurgo maciço de instituições estatais sob o pretexto de uma luta anti-golpe. Mais de 130.000 servidores públicos, incluindo 4.156 juízes e promotores, bem como 24.706 membros das forças armadas, foram sumariamente afastados de seus cargos por suposta participação ou relacionamento com “organizações terroristas” por decretos-lei de emergência não sujeitos a controle judicial ou escrutínio parlamentar.
Além dos milhares que foram presos, dezenas de outros seguidores do movimento Hizmet tiveram que fugir da Turquia para evitar a repressão do governo.
Fonte: Turkey intensifies crackdown on Gülen movement, orders detention of 73 in 2 days – Turkish Minute