Alta inflação é “continuação de 15 de julho”, Erdoğan diz em mensagem no 6º aniversário do golpe fracassado
O presidente turco Recep Tayyip Erdoğan se referiu à inflação na Turquia, que subiu a uma taxa anual de 78,6% – a maior em 24 anos – em junho, como uma “situação difícil” que é a “continuação de 15 de julho” em uma mensagem de vídeo divulgada na sexta-feira no sexto aniversário de um putsch abortivo em 15 de julho de 2016.
Sublinhando que a inflação não era apenas um problema da Turquia, mas de todo o mundo, o presidente disse: “Seremos um dos primeiros países a sair desta turbulência”.
“Assim, deixaremos para trás outra dificuldade que vemos como a continuação de 15 de julho e continuaremos com a construção de uma grande e poderosa Turquia”, acrescentou Erdoğan em uma mensagem de vídeo divulgada nas contas oficiais da mídia social da Presidência.
“Também passamos por algumas dificuldades, cujo maior impacto sentimos ser o [alto] custo de vida”, observou Erdoğan, jurando que não consentiriam com a “rendição econômica” da Turquia, que “não pode ser destruída por um golpe de Estado ou alinhada pelo terrorismo”.
A inflação, que tinha sido de 73,5% em maio e de 15,0% no início do ano passado, subiu para 78,6%, a maior taxa desde janeiro de 1998, em junho, com estimativas não oficiais publicadas por economistas turcos mostrando que os preços subiram a mais do que o dobro desse valor.
A crise da Turquia começou quando o Erdoğan forçou o banco central a avançar com uma série de cortes nas taxas de juros no ano passado que, segundo ele, faziam parte de seu “novo modelo econômico”.
A taxa de política caiu, apesar do aumento dos preços ao consumidor.
Erdoğan rejeita a economia convencional e insiste que as altas taxas de juros fazem com que os preços subam, enquanto economistas acreditam que sua abordagem exacerbou a dor sentida no mundo inteiro pelo salto nos preços de alimentos e energia causado pela invasão da Rússia na Ucrânia.
A tentativa de golpe de 2016 custou a vida de 251 pessoas, feriu outras mil e foi derrubada da noite para o dia.
Imediatamente após o golpe abortado, o governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), juntamente com Erdoğan, atribuiu a culpa ao movimento baseado na fé Hizmet.
O movimento Hizmet é uma iniciativa cívica mundial enraizada na tradição espiritual e humanista do Islã. As bases do movimento são diversos projetos de serviço que são iniciados, financiados e conduzidos por pessoas motivadas pelo discurso humanitário de Fethullah Gülen, um clérigo turco residente nos EUA.
Tanto Gülen quanto o movimento negam fortemente qualquer envolvimento com o putsch abortivo.
