Washington jura pressionar Ancara até que Brunson seja ‘completamente solto’
A administração dos EUA anunciou que não parará de pressionar a Turquia até que o Pastor Andrew Brunson, que foi posto na quarta-feira sob prisão domiciliar depois de dois anos em detenção preventiva, seja “completamente solto.”
O 2º Supremo Tribunal Criminal de Esmirna, na quarta-feira, decidiu permitir que Brunson, que foi preso em outubro de 2016 sob acusações de espionagem e terrorismo, fique em sua casa em Esmirna, mas o proibiu de “abandonar a residência” e também impôs uma proibição de deixar o país. O mesmo tribunal, na semana passada, decidiu manter Brunson, que enfrenta 35 anos, na cadeia, marcado a próxima audiência para 12 de outubro.
“Falei ao telefone c/ o Pastor Andrew Brunson depois de sua soltura da prisão na Turquia. Apesar de estar fora da prisão, este homem de fé ainda está sob prisão domiciliar. Assegurei-lhe que @POTUS [o presidente dos EUA Donald Trump] & e toda nos Adm continuarão trabalhando para assegurar sua soltura completa & e trazê-lo de volta para os EUA #FreePastorBrunson,” tuitou o vice-presidente Mike Pence na quinta-feira.
“.@POTUS & eu deixamos claro na semana passada e trabalhamos sem descanso por meses para libertarmos o Pastor Andrew Brunson. Ele deveria ter sido libertado há muito tempo. Ele está agora sob prisão domiciliar — mas não vamos parar até que ele esteja completamente solto e se reúna com sua família, amigos e igreja. #FreeAndrewBrunson,” disse Pence em outra mensagem no Twitter na quarta-feira.
Pence não elaborou sobre como ele e Trump “deixaram claro,” mas Steven A. Cook, um membro sênior dos estudos do Oriente Médio & África no Conselho das Relações Externas, alegou que o presidente dos EUA ameaçou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
“Estou ouvindo que o pres. Trump ameaçou Erdogan, lhe dizendo que uma ação do Congresso sobre os F-35 seria a menor das preocupações se Brunson não fosse solto. #Turquia,” tuitou Cook na quarta-feira.
Trump, em 28 de julho, exortou Erdogan a soltar Brunson, chamando sua detenção prolongada de uma “total desgraça.”
“Uma total desgraça que a Turquia não vai soltar um respeitado pastor americano, Andrew Brunson, da prisão. Ele foi mantido como refém por tempo demais. @RT_Erdogan deve fazer alguma coisa para libertar este maravilhoso marido & pai cristão. Ele não fez nada de errado , e sua família precisa dele!” tuitou Trump.
Erdogan, em setembro, havia exortado Washington a trocar Brunson por Fethullah Gulen, um clérigo muçulmano turco que vive em exílio auto-imposto nos EUA, e que Erdogan e o governo do seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) acusam de orquestrar um golpe fracassado em 2016.
Os promotores acusam Brunson de atividades em nome do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e também um grupo inspirado por Gulen. O Movimento Gulen nega fortemente qualquer envolvimento no golpe fracassado.
A decisão mais recente do tribunal turco ocorreu dias depois que seis senadores americanos introduziram uma legislação bipartidária para restringir empréstimos de instituições financeiras internacionais à Turquia “até que o governo turco encerre a detenção injusta de cidadãos americanos.”
De acordo com a declaração o Comitê do Senado das Relações Externas, o projeto de lei, conhecido como a Lei das Instituições Financeiras Internacionais da Turquia, direciona o executivo dos EUA do Banco Mundial e Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento a se oporem a empréstimos futuros, exceto para propósitos humanitários, à Turquia.