Premiê turco chama tentativa de golpe de ‘projeto do governo que não gostou’
Primeiro-ministro turco confessa na entrevista ao vivo que o golpe de 15 de julho de 2016 foi um projeto de governo.
Durante a transmissão da agência de notícias estatal Anadolu na quinta-feira (05/07/2018) Binali Yildirim admite que golpe fracassado de 15 de Julho de 2016 foi um projeto do seu partido AKP.
Em comentários que alimentaram suspeitas ainda mais de que o governo turco estava envolvido em uma tentativa fracassada de golpe na Turquia em 15 de julho de 2016, o primeiro-ministro turco Binali Yildirim disse na quinta-feira que 15 de julho foi um “projeto” que ele não gostou ou aprovou.
As observações de Yildirim acontecerem durante o programa “Mesa do Editor” da agência de notícias estatal Anadolu.
Quando um dos editores da agência perguntou ao primeiro-ministro: “Houve algum projeto que desafiou o senhor tanto que fez o senhor dizer: ‘Se ao menos não tivéssemos nos envolvido nisso’?”
“Sobre qual deles eu deveria te contar? O projeto que eu não gostei foi o 15 de julho,” disse Yildirim, dando risadas, provocando gargalhadas entre os jornalistas que estavam sentados em volta da mesa com o premiê.
Os comentários do primeiro-ministro atraíram críticas de todos os lados nas mídias sociais, com muitos dizendo que Yildirim havia confessado o envolvimento do governo na tentativa de golpe, que ceifou as vidas de 249 pessoas e feriu mil outras.
Imediatamente após a tentativa de golpe, o governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), juntamente ao Presidente Recep Tayyip Erdogan, colocaram a culpa no Movimento Gulen.
O clérigo islâmico Fethullah Gulen, que inspirou o Movimento, negou fortemente ter qualquer papel no golpe fracassado e clamou por uma investigação internacional sobre o caso, mas o Presidente Erdogan — chamando a tentativa de golpe de “um presente de Deus” — e o governo iniciaram um expurgo generalizado visando limpar os simpatizantes do Movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando sua figuras populares e colocando-as em custódia.
Em meio a uma caça às bruxas que vem ocorrendo voltada ao Movimento Gulen, mais de 50.000 pessoas foram presas, enquanto que mais de 150.000 foram removidas de cargos no estado devido a supostas ligações a Gulen desde a tentativa de golpe.
Yildirim é o último primeiro-ministro da República da Turquia moderna, pois um novo sistema de governança, uma presidência executiva, foi adotado em um referendo no ano passado. Espera-se que Yildirim seja o novo presidente da câmara dos deputados para o novo mandato legislativo.