EUA documenta violações da liberdade religiosa na Turquia em relatório de 2017
O Departamento de Estado dos Estados Unidos destacou violações da liberdade religiosa cometidas pelo governo turco em seu anual Relatório Internacional da Liberdade Religiosa para 2017, publicado na terça-feira.
O relatório disse que, desde a tentativa de golpe de julho de 2016, o governo demitiu ou suspendeu de instituições estatais mais de 100.000 funcionários do governo, incluindo mais de 4.000 membros da equipe do Diretório dos Assuntos Religiosos (Diyanet), por supostas ligações com o Movimento Gulen, que o governo acusa de orquestrar o golpe fracassado.
Baseado em dados fornecidos pelo Ministério do Interior, o relatório afirmou que as autoridades haviam prendido mais de 50.000 indivíduos desde a tentativa de golpe por supostas justificativas de terrorismo.
O relatório disse que o governo turco também continuou a deter alguns cidadãos estrangeiros pelo o que afirmou eram potenciais ligações com o Movimento Gulen. Em agosto, um juiz de Esmirna acrescentou acusações relacionadas ao indiciamento original, de dezembro de 2016, de um pastor protestante americano detido desde outubro de 2016.
De acordo com o relatório, o governo turco, liderado pelo Presidente Recep Tayyip Erdogan, continuou a limitar os direitos de minorias não-muçulmanas, especialmente as que não reconheceu como cobertas pelo Tratado de Lausanne de 1923.
Ele também continuou a tratar o Islã alevita como uma “seita” muçulmana heterodoxa e se recusou a reconhecer casas de adoração alevitas. O governo, além disso, fechou duas emissoras de televisão xiitas da tradição Jafari baseado em alegações de disseminação de “propaganda terrorista.”
Os alevitas expressaram preocupação com a segurança e disseram que o governo não havia conseguido atender suas demandas por reformas religiosas.
Em julho, o Ministério da Educação implementou uma extensa revisão do currículo escolar, que indivíduos seculares e outros cidadãos disseram aumentou o conteúdo muçulmano sunita nos livros escolares e minou o sistema de educação secular do país.
A minorias religiosas disseram que continuaram a passar por dificuldades ao obterem isenções das aulas obrigatórias de religião em escolas públicas, operarem ou abrirem casas de adoração e ao resolverem disputas de terra e propriedade. O governo também restringiu os esforços de grupos religiosos minoritários para treinarem seu clero.
Os alevitas continuaram a enfrentar ameaças anônimas de violência. Ameaças de violência do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (ISIL) e outros atores contra judeus, protestantes e muçulmanos sunitas também persistiram. O discurso antissemita continuou, pois alguns comentadores pró-governo de notícias publicaram artigos que buscavam associar os golpistas de 2016 com a comunidade judaica. Esses comentadores também buscaram associar o patriarca ecumênico ortodoxo com a tentativa de golpe. Agressores não identificados vandalizaram alguns lugares de adoração protestantes, ortodoxos, católicos e alevitas, incluindo marcar um “X” vermelho nas portas de 13 casas alevitas e atacar uma igreja protestante em Malatya.