Turquia diz que moção israelense para reconhecer eventos da 1ª Guerra Mundial como genocídio irá prejudicar Israel
Uma moção de legisladores israelenses para reconhecer a matança de muitos armênios causada por forças otomanas durante a 1ª Guerra Mundial como genocídio prejudicará o próprio Israel, disse o porta-voz do Ministério das Relações Estrangeiras turco, Hami Aksoy, na sexta-feira, informou o Hurriyet Daily News.
“Uma tentativa de Israel como essa é desrespeito para com membros dos grupos religiosos e étnicos otomanos que perderam suas vidas na 1ª Guerra Mundial. Judeus estavam entre eles,” disse Aksoy em uma coletiva de imprensa.
“A fato de que Israel vê os eventos de 1915 e do Holocausto como a mesma coisa vai prejudicar Israel antes de tudo,” disse Aksoy, acrescentando que a questão deve ser discutida por historiadores e peritos legais.
Os legisladores israelenses, na quarta-feira, aprovaram uma moção para se realizar um debate plenário sobre reconhecer o genocídio armênio, ao mesmo tempo que as relações entre Israel e a Turquia continuam em sua queda livre.
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Antes da votação para se decidir se realizarão o debate, Tamar Zandberg, do partido Meretz, de esquerda e de oposição, disse que a época de sua moção não tinha nada a ver com o aumento nas tensões com a Turquia.
“Vez após vez essa questão caiu vítima a disputas políticas. Não reconhecer o genocídio armênio é uma mancha moral sobre Israel,” disse Zandberg.
Uma discussão plenária “seria uma medida significativa à mensagem moral que Israel está enviando para o mundo todo,” disse ela.
A moção foi aprovada por 16-0, apesar de que uma data para a discussão plenária não foi marcada ainda.
O Meretz, desde 1989, buscou o reconhecimento das matanças em massa de armênios, começando em 1915, como genocídio, com sucessivos governos israelenses rejeitando os esforços devido a laços com a Turquia.
A violência na fronteira de Gaza que resultou nas mortes de pelo menos 60 palestinos na semana passada e a mudança da Embaixada dos EUA para Jerusalém levaram o presidente turco Recep Tayyip Erdogan a atacar Israel, acusando-o de “estado terrorista” e “genocida.”
Ancara chamou de volta seu embaixador em Israel antes de expulsar o enviado israelense e cônsul-geral, com Israel também ordenando o cônsul turco em Jerusalém a ir embora.
A Turquia aceita que muitos armênios que viviam no Império Otomano foram mortos em conflitos com as forças otomanas durante a 1ª Guerra Mundial, mas diz que as estimativas são imprecisas e nega que as matanças foram orquestradas sistematicamente. Ela rejeita o uso do termo “genocídio” e diz que muitos turcos muçulmanos também foram mortos na época.