HRW exorta May a falar claramente sobre direitos humanos durante visita de Erdogan
David Mepham, o diretor no Reino Unido da Human Rights Watch (HRW), exortou a Primeira-Ministra Theresa May a usar a visita do presidente turco Recep Tayyip Erdogan a Londres na semana que vem para persuadir Erdogan e acabar com a brutal repressão contra opositores e críticos.
Em um artigo no site da HRW, Mepham disse: “Apesar da acentuada deterioração dos direitos humanos sob sua liderança, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, está lhe sendo concedido uma visita oficial à Grã-Bretanha na semana que vem, incluindo uma reunião com a Primeira-Ministra Theresa May e com a Rainha. Sem dúvidas, May preferiria que a discussão focasse em investimento, comércio e na Síria, mas a escala da repressão que está ocorrendo na Turquia torna impossível ignorar isso. Ela deveria usar o momento para encorajar um fim à brutal repressão do governo turco contra opositores e críticos.”
A PEN inglesa e outras organizações para a liberdade da imprensa convidaram o público a se juntar à manifestação “Mídia Livre na Turquia” a ser realizada em 15 de maio no lado de fora da Rua Downing em Londres, onde Erdogan estará se reunindo com May.
Relembrando que “a visita acontece um pouco antes das eleições presidencial e parlamentar em 24 de junho em que Erdogan busca renovar seu mandato com poderes grandemente aumentados” e “as próprias eleições não serão confiáveis, disse o chefe dos direitos humanos da ONU, a menos que o estado de emergência de 22 meses seja suspenso,” disse Mepham:
“A liberdade de imprensa está sendo dizimada: Jornalistas e críticos nas mídias sociais estão sendo processados e mais de 170 repórteres, escritores e pessoas que trabalham na mídia estão na cadeia, a maioria deles aguardando vereditos. A repressão, juntamente a tomadas e fechamentos de veículos de mídia, significa que a maioria da mídia — especialmente a televisão — é agora uma máquina de propaganda para o governo e partido AKP de Erdogan.”
O diretor da HRW no Reino Unido destacou que os partidos de oposição enfrentam grandes obstáculos ao contestarem a eleição, desfavorecidos em sua campanha para a eleição: “O segundo partido de oposição do país no parlamento, o esquerdista, pró-curdos Partido Democrático Popular (HDP) foi o atingido mais duramente. Nove de seus parlamentares estão na prisão e onze foram destituídos de seus assentos parlamentares em casos politicamente motivados. Um parlamentar do principal partido de oposição, o Partido Popular Republicano (CHP), foi condenada e preso em fevereiro em um caso politicamente motivado. O ex-líder do HDP, Selahattin Demirtas, que é curdo, está concorrendo como um candidato presidencial mesmo estando em sua cela na prisão.”
“Os defensores da sociedade civil e dos direitos humanos enfrentam uma pressão enorme com incontáveis mais julgamentos e condenações de “terrorismo”, defensores como o presidente da Anistia Internacional da Turquia, Taner Kilic, atrás das grades já por quase um ano, e mais associações dos direitos das mulheres fechas arbitrariamente pelo governo,” acrescentou Mepham.
“É hora de May mostrar alguma coragem e pressionar Erdogan para que acabe com esses abusos. May deveria pedir publicamente pela soltura de todos esses jornalistas, políticos e defensores dos direitos humanos turcos que foram presos injustamente, e deixar claro que a Grã-Bretanha não mais licenciará equipamento militar para a Turquia que possa ser usado para violar os direitos humanos.”
A Comissão Europeia (CE) em 17 de abril exortou o governo turco a “suspender o estado de emergência sem demora,” dizendo que as amplas demissões, prisões e detenções continuam a suscitar sérias preocupações.
O governo turco declarou o estado de emergência cinco dias após a fracassada tentativa de golpe em 15 de julho de 2016 e está se preparando para estendê-lo por uma sétima vez. Acusando o Movimento Gulen, que é baseado na fé, de estar por detrás da tentativa de golpe, o Presidente Erdogan e seu governante Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) lançaram uma caça às bruxas aberta voltada a pessoas supostamente ligadas ao Movimento.
Citando “a larga escala e natureza coletiva, e a desproporcionalidade das medidas,” a CE em seu “Relatório de 2018 sobre a Turquia” disse: “Desde a introdução do estado de emergência, mais de 150.000 pessoas foram levadas sob custódia, 78.000 foram presas e mais de 110.000 funcionários públicos foram demitidos enquanto que, de acordo com as autoridades, cerca de 40.000 foram restituídos, dos quais cerca de 3.600 por decreto.”