UNAOC cancela evento do Dia da Liberdade de Imprensa por pressão da Turquia
A Aliança de Civilizações das Nações Unidas (UNAOC) postergou indefinidamente um evento nas Nações Unidas, na quinta-feira, para se observar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, depois que o News Literacy Project (NLP) recusou o pedido da UNAOC para remover referências em sua apresentação a vários países onde a liberdade de imprensa é limitada, informou Alan Miller do NLP.
As referências estão em vídeos de uma nova lição sobre liberdades internacionais de imprensa que deveria ser introduzida no evento. Os vídeos incluem observações quanto a restrições severas sobre a liberdade de imprensa na Turquia, México e Egito, e comentários de jornalistas russos e paquistaneses descrevendo os desafios que eles enfrentam.
De acordo com Miller, o NLP enviou a apresentação à UNAOC na segunda-feira para que ficasse pronta para ser compartilhada com a audiência. Uma autoridade da UNAOC então pediu ao NLP que deletasse a referência à Turquia — que, juntamente à Espanha, havia proposto a criação da UNAOC em 2005 — e a autoridade mais tarde insistiu que o NLP não compartilhasse qualquer um dos vídeos.
“Eu não poderia permitir essa censura de nossa apresentação devido à preocupação declarada que isso ofenderia um ou mais países envolvidos em repressão e violência contra jornalistas. Nós no NLP achamos a decisão da UNAOC particularmente irônica pois o evento era para celebrar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Nós não tínhamos discutido uma avaliação prévia de nossa apresentação com a UNAOC e não teríamos concordado em participar se isso tivesse sido pedido,” escreveu Miller.
Em um email na quarta-feira, a UNAOC contou aos palestrantes e os mais de 150 participantes registrados que o há muito planejado evento estava sendo postergado “até segundo aviso” por causa de outro evento nas Nações Unidas ao mesmo tempo, apesar do fato que os eventos foram planejados bem em antecedência.
A Turquia está classificada em 157ª entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2018, publicado pelos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em 25 de abril. Se a Turquia cair mais duas posições, isso vai colocá-la na lista negra de países, que possuem o pior registro em liberdade de imprensa.
A Turquia é também o maior carcereiro de jornalistas no mundo. Os números mais recentes documentados pelo Stockholm Center for Freedom (SCF) mostram que 258 jornalistas e pessoas que trabalham na mídia estavam na cadeia em 29 de abril de 2018, a maioria em detenção preventiva. Dos que estão na prisão, 199 estavam presos a espera de julgamento, enquanto que apenas 59 jornalistas foram condenados e estão cumprindo sua pena. Mandatos de detenção estão aguardando por 142 jornalistas que estão vivendo em exílio ou permanecem foragidos na Turquia.
Detendo dezenas de milhares de pessoas por supostas ligações com o Movimento Gulen, o governo também fechou cerca de 200 veículos de mídia, incluindo TVs e jornais curdos, após uma tentativa de golpe na Turquia em 15 de julho de 2016.
Fonte: www.turkishminute.com