Trump em um tweet exorta Turquia a soltar Pastor Brunson
O Presidente dos EUA, Donald Trump, em um tweet, na quinta-feira, exortou o governo turco a libertar o Pastor Andrew Brunson, que está preso desde outubro de 2016 e passando por julgamento na Turquia sob acusações de ligações com o Movimento Gulen, terrorismo e espionagem.
“O Pastor Andrew Brunson, um fino cavalheiro e líder cristão nos Estados Unidos, está em julgamento e sendo processado na Turquia por nenhuma razão. Chamam ele de Espião, mas eu sou mais Espião que ele. Tomara que deixem ele vir para casa para ficar com sua linda família que é o lugar dele!” tuitou Trump.
Brunson, um pastor cristão da Carolina do Norte que vive na Turquia há 23 anos, foi indiciado sob acusações de ajudar o Movimento Gulen. Brunson, na segunda-feira, negou as alegações de possuir quaisquer ligações com o Movimento quando começou a ser julgado em um caso que serviu de combustível para as tensões entre o governo turco e a administração Trump.
“Nunca fiz nada contra a Turquia. Eu amo a Turquia. Tenho orado pela Turquia por 25 anos. Quero que a verdade venha à tona,” contou Brunson ao tribunal em Aliaga, ao norte da cidade de Esmirna, que fica no Mar Egeu. “Não aceito as acusações mencionadas no indiciamento. Nunca estive envolvido em quaisquer atividades ilegais,” disse Brunson.
Sua esposa estava na sala do tribunal, e também o senador da Carolina do Norte, Thom Tillis, e o embaixador itinerante dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional, Sam Brownback.
Brunson, que teve um colapso entes de contar ao tribunal que estava em uma cela para uma pessoa só e sofrendo psicologicamente, disse que estava tomando medicamentos para tratar sua condição e tinha pedido para ser transferido para fora do confinamento solitário.
O advogado de Brunson, Cem Halavurt, chamou as acusações contra seu cliente de “totalmente infundadas” e disse que são baseadas no testemunho de informantes secretos.
A relação entre os Estados Unidos e a Turquia provavelmente ficará sob pressão enquanto Brunson permanecer na cadeia, disse o embaixador americano Sam Brownback na segunda-feira. “Os Estados Unidos se importa profundamente com nossa relação com a Turquia,” contou Brownback a repórteres durante um recesso nos procedimentos e acrescentou: “Essa relação terá dificuldade em seguir em diante enquanto Andrew Brunson estiver encarcerado.”
O juiz ordenou que Brunson permanecesse na cadeia, marcando a próxima audiência para 7 de maio. A decisão foi baseada em evidências dadas por testemunhas no caso e em que Brunson apresentava um risco de fuga.
“Não vimos evidências plausíveis de que o Sr. Brunson seja culpado de algum crime e estamos convencidos de que ele seja inocente,” disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert. “Esperamos que o sistema judicial na Turquia resolvera seu caso em uma maneira transparente, justa e oportuna.”
“Estamos muito desapontados. Quando muito, acho que a informação que foi apresentada hoje cria uma razão mais convincente do porquê de ele ser inocente,” contou o Senador Tillis aos repórteres depois da decisão.
Brunson reagiu com emoção, dizendo a sua esposa Norine em inglês: “Estou ficando louco. Eu te amo.” Ele havia, anteriormente, contado chorando ao juiz: “Quero voltar para minha casa. Faz 16 meses que estou separado de minha esposa.”
Brunson enfrenta duas sentenças de 15 e 20 anos na prisão se condenado. O governo turco acusa Brunson de coletar inteligência usando seu trabalho religioso como um disfarce e trabalhar para converter curdos para o cristianismo para “dividir” o país.
Robert Pearson, um ex embaixador dos EUA na Turquia, contou à AhvalTV que Brunson estava sendo usado como um refém para se fazer exigências aos Estados Unidos. “O religioso parece ser um refém para as exigências turcas aos EUA,” disse Pearson. “Ele tem estado quieto por anos na Turquia. Ele foi acusado de cooperar com terroristas, algo que tem sido usado contra centenas de milhares de cidadãos turcos após a tentativa de golpe.”
Brunson foi acusado originalmente de filiação ao Movimento Gulen e enfrentou prisão perpétua. O indiciamento mais recente declara explicitamente que ele não é acusado de ser um membro do Movimento ou do ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
O Departamento de Estado dos EUA exortou a Turquia a soltar Brunson, e 37 senadores americanos e 78 membros da Casa dos Representativos dos Estados Unidos assinaram uma carta para o Presidente Recep Tayyip Erdogan, exigindo sua soltura incondicional.
O Centro Americano para a Lei e a Justiça, um grupo cristão conservador americano que faz lobby para a soltura de Brunson, chamou-lhe de “refém do governo turco.” Meio milhão de pessoas assinaram uma petição pedindo pela soltura de Brunson, afirmando que o caso estava colocando a cristandade sob julgamento. O presidente americano, Donald Trump, também pediu a Ancara que devolvesse “rapidamente” o pastor aos Estados Unidos.
O julgamento de Brunson é um de vários casos legais que danificaram os laços entre a Turquia e os Estados Unidos. Os dois países também estão em desavenças devido ao apoio de Washington a uma milícia curda no norte da Síria que a Turquia considera uma organização terrorista. O julgamento aumenta ainda mais as tensões entre a Turquia e os EUA — dois aliados da OTAN. No conflito na Síria, os Estados Unidos apoiaram militantes das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), um grupo que a Turquia considera uma organização terrorista.
Washington foi chamada para a soltura de Brunson, enquanto que o presidente turco Erdogan sugeriu no ano passado que o destino do pastor poderia estar ligado ao do erudito muçulmano turco radicado nos EUA, Fethullah Gulen, cuja extradição Ancara buscou repetidamente para enfrentar acusações devido à controversa tentativa de golpe.
Erdogan se referiu a Washington em um discurso a policiais no ano passado onde ele disse: “‘Nos devolvam o pastor,’ dizem eles. Vocês têm um pastor também. Deem ele [Gulen] para nós. … Então vamos julgar ele [Brunson] e dar ele para vocês. O [pastor] que temos está sob julgamento. O de vocês não está — ele está vivendo na Pensilvânia. Vocês podem facilmente dar ele para a gente. Vocês podem entregar ele agora mesmo.”
A ideia de uma troca foi posta de lado por Washington. As autoridades americanas disseram que o governo turco não conseguiu fornecer evidências o suficiente para justificar a extradição de Gulen, criando frustração no regime autocrático de Erdogan em Ancara.
A Turquia sobreviveu a uma tentativa de golpe em 15 de julho de 2016 que matou 249 pessoas. Imediatamente após a tentativa de golpe, o governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) colocou a culpa sobre o Movimento Gulen.
Fethullah Gulen, que inspirou o Movimento, negou fortemente ter qualquer papel no golpe fracassado e pediu por uma investigação internacional sobre o caso, mas o Presidente Erdogan — chamando a tentativa de golpe de “um presente de Deus” — e o governo iniciaram um amplo expurgo com o objetivo de limpar os simpatizantes do Movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando suas figuras populares e colocando-as em custódia.
A Turquia suspendeu ou demitiu mais de 150.000 juízes, professores, policiais e outros funcionários públicos desde julho de 2016. O ministro do interior da Turquia anunciou em 12 de dezembro de 2017 que 55.665 foram presas. Em 13 de dezembro o Ministério da Justiça anunciou que 169.013 pessoas estiveram sujeitas a procedimentos legais sob acusações de golpe desde o golpe fracassado.
Um total de 48.305 pessoas foram presas por tribunais na Turquia em 2017 devido às suas supostas ligações com o Movimento Gulen, disse o Ministro do Interior Suleyman Soylu em 2 de dezembro de 2017. “O número de detenções é quase três vezes mais alto,” contou Soylu a uma reunião de segurança em Istambul e alegou que “mesmo essas figuras não são o suficiente para revelar a severidade da questão.
(Stockholm Center for Freedom [SCF])
Fonte: www.turkishminute.com