Grécia aponta aumento de refugiados após ofensiva turca na Síria
Autoridades gregas estão alertando para um aumento drástico no número de migrantes e refugiados sírios cruzando a fronteira terrestre com a Turquia irregularmente nos últimos dois dias. De acordo com um comunicado divulgado pela polícia grega nesta terça-feira, 370 pessoas foram detidas na segunda-feira e 140 no domingo após tentarem cruzar o rio Evros, que forma uma fronteira natural entre Grécia e Turquia. A razão da fuga seria a recente ofensiva militar turca na região de Afrin, no norte da Síria, onde os militares turcos atuam contra a milícia curda YPG (Unidades de Proteção do Povo).
A rota terrestre partindo da Turquia e chegando ao Nordeste da Grécia tornou-se muito utilizada à medida que as condições se deterioram nas ilhas gregas, antes o caminho preferido pelos refugiados que saíam do território turco cruzando o Mar Egeu. Atualmente, a rota marítima tem sido bastante vigiada por autoridades gregas de migração e milhares de pessoas detidas ainda aguardam a definição do seu destino em campos de refugiados lotados. Na ilha de Lesbos, mais de 5 mil migrantes e solicitantes de asilo vivem em abrigos originalmente construídos para suportar, no máximo, 2 mil pessoas.
O governo grego tem sido bastante criticado pela forma como trata a crise dos refugiados, mas se queixa da falta de solidariedade dos demais países europeus. Acusações de que o país tenta promover o não acolhimento, além de não oferecer condições humanitárias dignas, são levantadas por grupos de direitos humanos. Para Dimitris Vitsas, ministro da Migração, a política grega para a crise, no entanto, é correta.
— Uma de nossas prioridades para o futuro próximo é implementar grandes projetos de infraestrutura para as ilhas, em cooperação com os governos locais, com o objetivo de melhorar o cotidiano dos seus habitantes, que estão na linha de frente da crise de refugiados — disse ele em recente entrevista coletiva.
A Turquia e seus aliados sírios, em geral rebeldes sunitas, lançaram uma operação militar em fevereiro para expulsar combatentes do YPG de Afrin, norte da Síria. Ancara classifica o YPG, que recebe apoio bélico e logístico dos Estados Unidos, como um grupo terrorista e uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que mantém uma insurgência no sudeste turco há três décadas. Desde então, forças turcas cercaram a região, motivando a fuga de cerca de 300 mil civis curdos.
Originalmente publicado em: https://oglobo.globo.com/