Encontro de Turquia, Rússia e Irã pode consolidar “oposição direta” a Israel e EUA
Os governantes de Rússia, Turquia e Irã se reuniram em Ancara nesta quarta-feira para debater a situação do Oriente Médio. É o segundo encontro entre os chefes de Estado em seis meses.
Oficialmente, Vladimir Putin, Recep Tayyip Erdogan e Hassan Rouhani dizem querer “acelerar” o processo de paz na Síria, mas analistas acreditam que a verdadeira agenda é uma tentativa de coordenar esforços para consolidação de sua influência regional. As forças turcas se opõem ao governo de Bashar Al-Assad, enquanto russos e iranianos são sua base de sustentação. Esse encontro pode indicar que haverá uma mudança muito em breve nessa composição.
A agência de notícias estatal iraniana FARS divulgou que o objetivo deles seria “aniquilar o Estado Islâmico” e o terrorismo. Contudo, desde o ano passado não há mais jihadistas com presença expressiva no país.
Toda negociação entre os três líderes está sendo realizada à revelia do processo de paz patrocinado pelas Nações Unidas. A união dos países pode consolidar consolidar uma “oposição direta” a Israel e EUA no jogo de poder do Oriente Médio.
Atritos com Israel
Chama a atenção o discurso do presidente iraniano Hassan Rouhani antes de embarcar para a cúpula. Ele atacou os Estados Unidos e Israel por sua “influência” na Síria. “Os americanos são contra o governo sírio, que estabelece sua autoridade em todo o país e estão até pensando em um colapso [do país]. Há interferência das forças sionistas na Síria, que aumentou os problemas. Eles não respeitam a soberania nacional síria. Eles bombardeiam áreas na Síria. Eles apoiam terroristas. Essas são todas questões que aumentaram os problemas da Síria”, afirmou.
A fala de Rouhani veio a público poucos dias após o presidente Donald Trump avisar que vai retirar suas tropas da Síria, movimento que Israel considera prejudicial.
As tensões vêm aumentando entre Israel e Irã desde fevereiro, quando caças israelenses F-16 bombardearam posições iranianas na Síria. A Turquia está em atrito com Israel por conta da reação à “Marcha do Retorno” dos palestinos, acusando o governo israelense de ser “terrorista”. Com informações de Haaretz e Times of Israel
por Jarbas Aragão