Putin diz que vê oportunidade para fim do conflito na Síria em cúpula com Turquia e Irã
O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou nesta quarta-feira (22) que vê “uma verdadeira oportunidade” para acabar com o conflito que assola a Síria desde 2011, ao início de uma cúpula em Sochi com seus colegas da Turquia, Recep Tayyip Erdogan e do Irã, Hassan Rohani.
Apesar do otimismo, Putin ressaltou que uma solução para a guerra, que já fez mais de 330 mil mortos em seis anos, exigirá “concessões” de todas as partes, “incluindo do governo sírio”, de acordo com a agência France Presse.
O chefe de Estado russo acrescentou que o seu governo, o de Teerã e o de Ancara “vão empreender esforços mais ativos para fazer com que este trabalho seja o mais produtivo possível”.
Após a reunião com seus colegas, Putin informou que os líderes de Irã e Turquia apoiaram a convocação de um congresso do povo sírio como um dos primeiros passos para estabelecer um diálogo inclusivo no país.
Putin disse que os três líderes instruíram seus diplomatas e entidades de defesa e segurança a trabalharem na composição e em uma data para o congresso, informa a Reuters.
Segundo presidente russo, que se reuniu na última segunda-feira com o líder sírio Bashar Al-Assad, a liderança síria está comprometida com o processo de paz, com uma reforma constitucional e com eleições livres.
Focos de resistência
Nas últimas semanas, o regime, com o apoio do exército russo, recuperou grande parte do território sírio das mãos de grupos rebeldes e extremistas.
Na terça, ele recebeu o presidente sírio Assad e elogiou seu êxitos militares. “Mais de 98% do território sírio estão sob o controle das forças do governo sírio. Os terroristas ainda têm focos de resistência, mas se apagam rapidamente”, afirmou Putin.
Após ajudar Assad a ganhar terreno contra os rebeldes e extremistas, o chefe do Kremlin quer relançar o processo de solução política para a guerra na Síria, que deixou mais de 330 mil mortos e milhões de deslocados desde 2011.
Lançada em novembro de 2015, a intervenção militar russa na Síria permitiu às Forças Armadas sírias reverter a situação militar, retomando das mãos dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) a cidade antiga de Palmira, expulsar os rebeldes de Aleppo (norte) e recuperar o controle dos territórios do sul e do leste do país.
No domingo passado, as forças do governo expulsaram os extremistas de Bukamal, o último reduto urbano importante na Síria do grupo Estado Islâmico, que perdeu quase todo o território que havia conquistado desde 2014.
“A fase ativa da operação militar na Síria está terminando”, considerou o chefe do Estado-Maior do Exército russo, Valeri Guerasimov. Em um discurso retransmitido pela televisão, Hassan Rohani, por sua vez, declarou na terça a vitória sobre o EI.
Reunião entre Putin e Assad
A reunião surpresa de Putin com Assad, que ocorreu na segunda-feira mas não se tornou pública até terça, voltou a colocá-lo no tabuleiro diplomático, em um momento de intensificação dos contatos visando as negociações sob o patrocínio da ONU em Genebra, em 28 de novembro.
Assad expressou a Putin “o reconhecimento do povo sírio” à ajuda dada pela Rússia na defesa da “integridade territorial e da independência da Síria”.
A Rússia promove com o Irã, aliado de Assad, e a Turquia, que apoia os rebeldes, as negociações de Astana, capital de Cazaquistão, onde o governo e a oposição sírios celebraram sete reuniões em 2017.
As negociações de Astana permitiram criar “zonas de distensão” nas regiões de Idlib (noroeste), Homs (centro), Guta Oriental (perto de Damasco) e no sul.
Essas medidas resultaram na diminuição da tensão e agora a Rússia quer que as negociações de Astana, concentradas até então nos aspectos militares, desemboquem em uma solução política.
Originalmente publicado em: g1.globo.com