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  • Em funeral na Turquia, família lamenta morte de ativista americana morta por tiros israelenses Em um funeral na Turquia, a família da ativista turco-americana Aysenur Ezgi Eygi, morta por tiros israelenses na Cisjordânia, lamentou sua perda, enquanto críticos apontam o fracasso dos EUA em pressionar Israel por sua morte. Eygi, uma defensora apaixonada da causa palestina, foi sepultada em meio a manifestações pró-palestinas, com a ausência notável de autoridades americanas. A Turquia denunciou Israel e seus apoiadores, enquanto o governo dos EUA enfrenta críticas de familiares por sua resposta ao incidente....
  • Comunidade jurídica indignada enquanto tribunal turco ignora decisão da CEDH sobre professor Advogados e especialistas jurídicos na Turquia e no exterior expressaram choque e decepção com a decisão de um tribunal local na quinta-feira, que novamente condenou um ex-professor por terrorismo, apesar de o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH) ter constatado uma violação de seus direitos fundamentais em sua condenação em uma decisão do ano passado....
  • Turquia busca aprovação dos EUA para comprar motores de aviação da GE para jatos militares, diz relatório A Turquia pediu aos EUA permissão para comprar motores da GE Aerospace que pretende usar em jatos militares fabricados localmente, informou a BNN Bloomberg, com sede em Toronto, citando autoridades turcas familiarizadas com o assunto....
  • Turquia condena o roteiro de cooperação em defesa entre Chipre e EUA A Turquia criticou fortemente o acordo de defesa entre EUA e Chipre, alegando que prejudica a neutralidade e a segurança na ilha dividida, onde negociações de paz estão paralisadas desde 2017....
  • Nova aliança entre Egito e Turquia é testada por nova crise na Líbia A recente reaproximação entre Egito e Turquia está sendo desafiada pela crise política na Líbia, centrada no controle das riquezas petrolíferas do país. A destituição do governador do banco central líbio, Sadiq al-Kabir, que se exilou na Turquia, criou um impasse que ameaça o funcionamento econômico do país. Apesar dos acordos comerciais assinados por Sisi e Erdoğan, os países discordam sobre a política na Líbia: enquanto a Turquia apoia o governo de Trípoli, o Egito apoia Khalifa Haftar, no leste. A crise sobre a gestão das reservas petrolíferas e a estabilidade política da Líbia se tornou um teste crítico para esta nova aliança entre Egito e Turquia, com potenciais implicações na segurança regional e na migração. A comunidade internacional, preocupada com a estabilidade na Líbia, pressiona por uma solução consensual para evitar um colapso econômico e político....
  • Turquia busca fortalecer cooperação militar com a Macedônia do Norte, aumentando exercícios conjuntos Turquia e Macedônia do Norte intensificam cooperação militar com foco em exercícios conjuntos A Turquia planeja fortalecer sua cooperação militar com a Macedônia do Norte, conforme anunciado pelo Ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, durante visita a Skopje em 5 de setembro. Os países realizarão mais treinamentos e exercícios conjuntos, com apoio da indústria de defesa turca. Em paralelo, ocorreu a inauguração do escritório da Aselsan nos Balcãs. A Macedônia do Norte também explora a compra de equipamentos militares, como drones, da Turquia, após sua adesão à OTAN em 2020. A colaboração militar surgiu após desafios diplomáticos, com a Turquia insistindo na extradição de críticos do governo turco no passado....
  • Família de Erdogan saqueou dinheiro do petróleo russo em uma fraude massiva, provocando a ira de Putin Um esquema de fraude envolvendo a família do presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o petróleo russo foi exposto, levando à ira do presidente russo Vladimir Putin. A trama, que teria movimentado centenas de milhões de dólares, utilizava uma empresa fachada na Turquia, Mostrade, para comercializar petróleo russo sancionado. Mustafa Yiğit Zeren, ligado à família Erdogan, desempenhou um papel central no esquema, que envolveu desvio de lucros e a criação de empresas de fachada para movimentar bilhões. A resposta russa incluiu processos judiciais e até ações extremas para recuperar o valor fraudado. Com o cerco se fechando, Zeren desapareceu, temendo represálias. Esta fraude abalou as relações entre Rússia e Turquia, mostrando a gravidade das sanções e a resposta russa a violações financeiras. ...
  • Sisi, do Egito, faz primeira visita presidencial à Turquia em 12 anos O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, fez uma visita histórica à Turquia, a primeira em 12 anos, encontrando-se com o presidente turco Tayyip Erdogan para discutir a guerra em Gaza e fortalecer os laços entre os dois países, que foram severamente debilitados desde 2013. As relações entre os dois países começaram a melhorar em 2020 após uma iniciativa diplomática da Turquia. Durante a visita, os presidentes destacaram o desejo de aumentar o comércio bilateral de US$ 5 bilhões para US$ 15 bilhões em cinco anos e assinaram 18 memorandos de cooperação em várias áreas, como energia, defesa e saúde. Ambos os líderes expressaram apoio à causa palestina e destacaram a importância de resolver a crise na Líbia por meio de eleições e a retirada de forças estrangeiras. A Turquia elogiou os esforços humanitários do Egito em Gaza e ambos anunciaram uma posição comum em busca de um cessar-fogo na região....
  • Turquia quer se juntar ao bloco BRICS de economias emergentes, confirma oficial A Turquia mostrou interesse em ingressar no bloco BRICS, composto por economias emergentes, conforme confirmado por um alto funcionário nesta terça-feira. O partido governista turco, liderado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, declarou que o desejo do país de se juntar ao bloco é claro, embora ainda não tenha enviado uma solicitação formal. O BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, recentemente expandiu para incluir Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. A Turquia, que busca aumentar sua influência global e adotar uma política externa mais independente, enfrenta impasses em sua adesão à União Europeia e agora explora novas alianças internacionais como o BRICS. A possível inclusão da Turquia no BRICS será discutida em uma reunião futura na Rússia....

O eclipse da democracia, na Turquia, após o referendo pró-Recep Tayyip Erdoğan

O eclipse da democracia, na Turquia, após o referendo pró-Recep Tayyip Erdoğan
abril 19
17:42 2017

A Turquia, importante país euroasiático, vive presentemente a indeterminação quanto ao futuro do regime democrático. No último domingo, 16 de abril, foi submetida à consulta popular a continuidade do sistema político parlamentarista ou a adoção do presidencialismo. A segunda opção saiu vencedora por uma margem relativamente pequena, isto é, o “sim” obteve 51,2 % contra 48,8% do “não. A oposição contestou a vitória e alegou ter havido irregularidades durante o processo de votação, em várias regiões do país. O resultado apertado revela uma divisão da população turca, o que poderá significar instabilidade e conflito no seio da sociedade. A iniciativa de alterar o sistema político da Turquia partiu do atual Governo e seus aliados sob a argumentação de que a revisão constitucional é uma medida necessária para garantir a segurança e a estabilidade do país que, em 2016, sofreu 20 atentados terroristas e um Golpe de Estado falhado que resultou na morte de 248 pessoas, 1400 feridos, prisões e despedimentos de aproximadamente 200 mil pessoas. As justificativas apresentadas como uma solução para os problemas poderão agravá-los porque, na prática, o que se verifica é um jogo para aumentar os poderes do presidente Recep Tayyip Erdoğan.

A reforma constitucional, aprovada pelo Parlamento turco em janeiro, e que agora foi referendada pelo voto popular, dá a Erdoğan a possibilidade de centralizar o poder e engessar a democracia. O maior número de alterações à Constituição alguma vez proposto em referendo desde a criação da República da Turquia, em 1923, para além de pôr fim ao cargo de primeiro-ministro,” amplia os poderes do presidente” que, de entre outras medidas, poderá intervir diretamente no poder judiciário e impor o estado de emergência sem a necessidade de aprovação pelo Parlamento. As mudanças também atingem as eleições presidenciais e legislativas, as quais serão realizadas conjuntamente e estão agendadas para novembro de 2019, criando ainda a possibilidade de Erdoğan permanecer no comando da Turquia até 2029. Neste contexto, o que deve ser analisado não é somente a alteração do sistema político, mas a estrutura do Estado que, desde há alguns anos, foi sendo modificada gradativamente pelo atual Governo e transformada, sobretudo a partir de 2016, num aparelho de repressão e de perseguição aos seus opositores e à imprensa livre e independente.

Os episódios da história recente da Turquia, nomeadamente, a tentativa fracassada de Golpe de Estado em julho de 2016, atribuída pelas autoridades do país ao clérigo e humanista Fethullah Gülen, compõem a farsa que permitiu desencadear a prisão de jornalistas, professores, funcionários públicos e de outras categorias profissionais contrárias à situação vigente. As circunstâncias comprovam o modo como a Turquia vem sendo conduzida nos últimos anos e, a partir disso, nos aponta a direção em que está caminhando. As ações levadas a cabo por Erdoğan há algum tempo revelam que ele mudou de postura ao longo dos anos, colocando em dúvida o seu comprometimento com a democracia. De acordo com a BBC, em certa ocasião, o chefe político turco “comparou a democracia com um ônibus que você pega até seu destino e depois desce”. Deste modo, várias análises indicam que o presidencialismo é a alternativa que Erdoğan encontrou para exercer o poder de acordo com a sua vontade, mas respaldado pela aprovação popular. O apoio público conquistado por Erdoğan, de acordo com analistas, está relacionado ao uso da máquina pública que se encontra em suas mãos. Destaca-se, neste caso, a utilização de políticas sociais, o controle da mídia, o discurso islamista e o medo generalizado para conquistar o apoio de uma parcela significativa da população, sobretudo, dos menos favorecidos. Se persistir a tendência do modelo de administração idealizado por Erdoğan e corroborado pela reforma constitucional, a vitória do “sim” eclipsará a democracia naquele país, na medida em que o contrapoder exercido pela oposição turca se tornará frágil, estando condenado ao desaparecimento, o que permitirá a instalação de um regime autocrático.

Marli Barros Dias

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