A verdade da Turquia está se tornando mais estranha que a ficção
A repressão do Presidente Erdogan sobre a imprensa possui elementos de uma série dramática da televisão, mas é assustadoramente real
Depois dos murmúrios causados pela série televisiva SS-GB, provavelmente precisamos uma nova ideia “E se?” para uma série dramática. Um cenário vívido que ameaça um grande editor de jornal aposentado – talvez Sir Harry Evans – com quatro anos na prisão por citar o que Jeremy Corbyn disse sobre Theresa May. Uma que jogue um ótimo colunista – digamos Nick Cohen ou David Aaronovitch – na cadeia por meses sem fim por eles terem enviado tweets para a dissidência política. Uma que tracafie o correspondente do Le Monde ou do The New York Times por fazerem uma reportagem sobre divisões quanto ao Brexit.
Muito inverossímil para o tratamento Len Deighton? Então olhe para a Turquia, onde, na semana passada, o meu amigo e editor amante da liberdade, Hasan Cemal, escapou dos quatro anos que a promotoria queria, mas ainda recebeu uma pena suspensa de 11 meses (suspensa, isto é, a menos que escreva algo crítico). Veja, atrás das grades desde outubro, pois o meu amigo, o colunista Kadri Gursel, que tuitou desafio ao estabelecimento. Olhe para o destino encarcerado do correspondente em Istambul do Die Welt, um cidadão alemão, que simplesmente fez seu trabalho corajosamente.
E a conclusão conforme o Presidente Erdogan pressiona para reunir todo o poder a seu redor está bem clara. A verdade da Turquia está se tornando mais estranha que qualquer ficção “e se?”.
Peter Preston
Fonte: www.theguardian.co.uk