Orhan Pamuk: não quero ficar em silêncio enquanto jornais são fechados na Turquia
Orhan Pamuk, escritor vencedor do Prêmio Nobel, disse na quarta-feira que não pode ficar em silêncio enquanto há uma tremenda pressão política sobre a dissidência e enquanto jornais críticos ao governo estão sendo fechados na Turquia.
Durante uma cerimônia na Universidade Estatal de Saint Petersburg na segunda-feira, onde lhe foi dado um doutorado honorário em literatura, Orhan Pamuk disse que o problema na Turquia não é a islamização do povo pelo governo, mas a limitação de suas liberdades.
“É difícil não falar de política. Ultimamente jornais [críticos ao governo] estão sendo fechados, e há uma tremenda pressão política [sobre a dissidência]. Portanto não quero ficar em silêncio. O problema não é a islamização das pessoas [pelo governo]; é que algumas não querem ser [islamizadas]. O problema é não ser livre”, disse ele.
Como parte de um expurgo feito pelo governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) sobre a dissidência e sobre a mídia crítica, que veio logo após a tentativa fracassada de golpe de 15 de julho do ano passado, mais de 135.000 pessoas foram dispensadas de seus empregos devidos às suas ligações reais ou supostas ao Hizmet, um movimento baseado na fé e inspirado nas ideias do erudito radicado nos EUA Fethullah Gulen, a quem o governo acusa de estar por detrás do golpe fracassado. Gulen rejeita veementemente as acusações.
Em 1º de fevereiro, 89.775 pessoas estavam encarceradas sem acusação, com ainda mais 43.885 em detenção preventiva. Entre os presos estão jornalistas, juízes, promotores, policiais, militares, acadêmicos, governadores e até um comediante.
De acordo com uma contagem feita pelo site www.turkeypurge.com, 149 órgãos de mídia foram fechados por decretos do governo e 162 jornalistas foram presos desde 15 de julho de 2016.
Fonte: www.turkishminute.com