Voz da Turquia

 Últimas Notícias
  • Relatório da ONU denuncia violações de direitos humanos pela Turquia no norte da Síria A Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre a República Árabe da Síria divulgou um relatório implicando a Turquia em uma série de violações de direitos humanos no norte da Síria entre janeiro e junho de 2024....
  • Deputada turca questiona supostos estupros de 12 mulheres sob custódia em inquérito parlamentar Uma parlamentar turca apresentou uma consulta parlamentar a respeito de alegações de que 12 mulheres acusadas de participar do movimento Hizmet engravidaram em decorrência de estupros enquanto estavam sob custódia, citando um relatório do Serviço de Imigração da Finlândia....
  • Erdogan diz que a Turquia aprofundará laços com o Oriente enquanto continua voltada para o Ocidente O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, reafirmou que o país continuará voltado para o Ocidente, mas também aprofundará seus laços com o Oriente, incluindo grupos como BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Embora a Turquia, membro da OTAN, esteja explorando novas alianças com China, Rússia e outras potências orientais, Erdogan destacou que isso não sinaliza uma "mudança de eixo" geopolítica. A estratégia visa adaptar o país a novas potências econômicas e tecnológicas, fortalecendo o diálogo com várias organizações internacionais sem abandonar sua orientação ocidental....
  • Em funeral na Turquia, família lamenta morte de ativista americana morta por tiros israelenses Em um funeral na Turquia, a família da ativista turco-americana Aysenur Ezgi Eygi, morta por tiros israelenses na Cisjordânia, lamentou sua perda, enquanto críticos apontam o fracasso dos EUA em pressionar Israel por sua morte. Eygi, uma defensora apaixonada da causa palestina, foi sepultada em meio a manifestações pró-palestinas, com a ausência notável de autoridades americanas. A Turquia denunciou Israel e seus apoiadores, enquanto o governo dos EUA enfrenta críticas de familiares por sua resposta ao incidente....
  • Comunidade jurídica indignada enquanto tribunal turco ignora decisão da CEDH sobre professor Advogados e especialistas jurídicos na Turquia e no exterior expressaram choque e decepção com a decisão de um tribunal local na quinta-feira, que novamente condenou um ex-professor por terrorismo, apesar de o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH) ter constatado uma violação de seus direitos fundamentais em sua condenação em uma decisão do ano passado....
  • Turquia busca aprovação dos EUA para comprar motores de aviação da GE para jatos militares, diz relatório A Turquia pediu aos EUA permissão para comprar motores da GE Aerospace que pretende usar em jatos militares fabricados localmente, informou a BNN Bloomberg, com sede em Toronto, citando autoridades turcas familiarizadas com o assunto....
  • Turquia condena o roteiro de cooperação em defesa entre Chipre e EUA A Turquia criticou fortemente o acordo de defesa entre EUA e Chipre, alegando que prejudica a neutralidade e a segurança na ilha dividida, onde negociações de paz estão paralisadas desde 2017....
  • Nova aliança entre Egito e Turquia é testada por nova crise na Líbia A recente reaproximação entre Egito e Turquia está sendo desafiada pela crise política na Líbia, centrada no controle das riquezas petrolíferas do país. A destituição do governador do banco central líbio, Sadiq al-Kabir, que se exilou na Turquia, criou um impasse que ameaça o funcionamento econômico do país. Apesar dos acordos comerciais assinados por Sisi e Erdoğan, os países discordam sobre a política na Líbia: enquanto a Turquia apoia o governo de Trípoli, o Egito apoia Khalifa Haftar, no leste. A crise sobre a gestão das reservas petrolíferas e a estabilidade política da Líbia se tornou um teste crítico para esta nova aliança entre Egito e Turquia, com potenciais implicações na segurança regional e na migração. A comunidade internacional, preocupada com a estabilidade na Líbia, pressiona por uma solução consensual para evitar um colapso econômico e político....
  • Turquia busca fortalecer cooperação militar com a Macedônia do Norte, aumentando exercícios conjuntos Turquia e Macedônia do Norte intensificam cooperação militar com foco em exercícios conjuntos A Turquia planeja fortalecer sua cooperação militar com a Macedônia do Norte, conforme anunciado pelo Ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, durante visita a Skopje em 5 de setembro. Os países realizarão mais treinamentos e exercícios conjuntos, com apoio da indústria de defesa turca. Em paralelo, ocorreu a inauguração do escritório da Aselsan nos Balcãs. A Macedônia do Norte também explora a compra de equipamentos militares, como drones, da Turquia, após sua adesão à OTAN em 2020. A colaboração militar surgiu após desafios diplomáticos, com a Turquia insistindo na extradição de críticos do governo turco no passado....
  • Família de Erdogan saqueou dinheiro do petróleo russo em uma fraude massiva, provocando a ira de Putin Um esquema de fraude envolvendo a família do presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o petróleo russo foi exposto, levando à ira do presidente russo Vladimir Putin. A trama, que teria movimentado centenas de milhões de dólares, utilizava uma empresa fachada na Turquia, Mostrade, para comercializar petróleo russo sancionado. Mustafa Yiğit Zeren, ligado à família Erdogan, desempenhou um papel central no esquema, que envolveu desvio de lucros e a criação de empresas de fachada para movimentar bilhões. A resposta russa incluiu processos judiciais e até ações extremas para recuperar o valor fraudado. Com o cerco se fechando, Zeren desapareceu, temendo represálias. Esta fraude abalou as relações entre Rússia e Turquia, mostrando a gravidade das sanções e a resposta russa a violações financeiras. ...

A nova constituição da Turquia acabaria com sua democracia

A nova constituição da Turquia acabaria com sua democracia
janeiro 23
16:05 2017

Com todos os olhos voltados para os EUA por causa da posse de seu novo líder, a Turquia está preparando para emendar sua constituição para tornar seu presidente ainda mais poderoso que o presidente americano.

Não há nada de obrigatoriamente errado em substituir um governo parlamentar com um sistema presidencial. O problema é o momento e o contexto: as mudanças propostas à Turquia, que irão para um referendo nacional depois de serem aprovadas pelo parlamento, vem logo após do golpe malsucedido contra o cada vez mais autocrático Presidente Recep Tayyip Erdogan.

Na prática, uma constituição revisada facilitaria muito para que Erdogan consolidasse o poder por inteiro, tirando a Turquia da coluna democrática e transformando-a em uma ditadura, pura e simples.

A revisão constitucional proposta possui várias partes móveis. Mas a mais importante é para transformar o sistema parlamentar modificado da Turquia em um presidencial. O poderes do presidente no momento são, em princípio, muito mais limitados. Ele governa ao lado de um primeiro-ministro escolhido pela maioria parlamentar, que por sua vez nomeia um gabinete que é responsável ao parlamento. Um importante mecanismo simbólico e prático de supervisão parlamentar do governo é o direito do parlamento de exigir que os ministros do gabinete se apresentem perante ele para responder a questionamentos – um direito conhecido como “interpelação”.

O novo projeto de emenda constitucional deslocaria a estrutura básica do sistema ao abolir o cargo de primeiro-ministro e dar ao presidente a autoridade de nomear os membros do gabinete. Como parte dessa mudança, o direito do parlamento de interpelar os ministros do gabinete seria removido.

Os americanos não achariam esse aspecto da mudança marcante. O presidente americano nomeia seu próprio gabinete, ainda que com o conselho e consentimento do Senado. Os secretários do gabinete se apresentam perante o Congresso por cortesia, não por causa de um direito inerente do Congresso de questioná-los.

Mas a Constituição turca proposta vai mais além ao permitir que o presidente seja o chefe de um partido político. Isso significa que o presidente poderia exercer controle direto sobre quais candidatos seu partido escolhe para concorrer em alguma eleição. Erdogan poderia escolher a dedo parlamentares de seu próprio partido, que seriam extremamente improváveis de exercer uma fiscalização sobre ele, pois ele poderia também expulsá-los do partido.

Na prática, é claro, o presidente americano também é o chefe do partido a que ele pertence. Mas no sistema americano, isso não lhe dá a autoridade de escolher candidatos ao Congresso. Esse poder está com os eleitores primários, doadores e líderes de partido.

Sob o sistema modificado, as eleições presidenciais turcas ocorreriam ao mesmo tempo que as eleições parlamentares, a cada cinco anos. Isso dificultaria aos eleitores expressarem dissenção a nível nacional durante o mandato do presidente, pois não haveriam eleições no meio dos mandatos.

Ainda mais uma mudança almejada pelo AKP, o partido de Erdogan, é dar ao presidente poder sobre o Alto Conselho de Juízes e Promotores. Erdogan já de fato tomou controle ao expurgar o esse corpo logo após ao golpe. As emendas propostas fariam com que esse controle fosse permanente.

No sistema presidencial americano, é claro, o executivo nomeia juízes federais e promotores federais seniores. Contanto que subsequentemente sirvam seus mandatos com um bom comportamento, ele podem funcionar com relativa independência. O problema é que, conforme o expurgo de Erdogan mostra, não há garantia de longo prazo similar de independência de fato no sistema turco. Os juízes e promotores de Erdogan seriam vistos como funcionários políticos, e podem muito bem na verdade serem subordinados ao executivo. Uma garantia nominal posposta de “imparcialidade” judicial e dos promotores só é tão boa quanto a realidade política que a faz.

Talvez o elemento mais esperto e pernicioso da mudança proposta é que ela limita o presidente a dois mandatos – mas apenas começando com ratificação e novas eleições. Isso permitiria que Erdogan ficasse no poder até 2029, quando ele terá 75 anos de idade. Até então ele estaria governando a Turquia como primeiro-ministro ou presidente por avassaladores 26 anos. Isso não é uma receita para democracia, pra dizer de forma suave.

O pacote de reformas inteiro deve passar pelo parlamento com 330 votos de 550. O governante partido AKP não tem votos o suficiente por conta própria, mas ele pode chegar no mínimo conseguindo os votos do partido nacionalista de extrema direita, o MHP. Então o pacote iria para um referendo.

Em 2010, os leitores turcos aprovaram reformas constitucionais promovidas pelo AKP, por 58 por cento a 42 por cento. A votação provavelmente não vai ser tão desigual dessa vez. Na prática, a votação será um referendo sobre o próprio Erdogan.

Ausente o golpe fracassado, parece concebível que Erdogan poderia ter perdido uma tentativa de transformar a Turquia em um sistema presidencial projetado para maximizar seu poder. Mas o golpe infelizmente fornece munição para o argumento de que ele precisa de maior autoridade para governar o país.

Se a mudança presidencial prevalecer na Turquia, e for usada para subverter a democracia ainda mais, ela contribuirá para a percepção em muitos lugares que a forma presidencial de governo simplesmente é um prelúdio para a autocracia. Tradicionalmente, o sistema americano tem sido um bastião contra esses argumentos. Se ele permanecerá assim é a questão mais significativa da presidência de Donald Trump que apenas começou.

Noah Feldman

Fonte: www.bloomberg.com

Related Articles

Mailer