Ministro da justiça turco volta de mãos vazias pois os EUA não se compromete com a extradição de Gulen
O ministro da justiça turco, Bekir Bozdag, voltou para a Turquia de mãos vazias pois seu colega, a ministra da justiça americana, Loretta Lynch, não ofereceu quaisquer opções a favor ou contra a extradição de erudito islâmico turco radicado nos EUA, Fethullah Gulen, que o governo turco acusa de arquitetar um golpe fracassado em 15 de julho.
Em uma conversa com repórteres na embaixada turca em Washington, D.C., na quinta-feira, junto ao embaixador turco Serdar Kilic, Bozdag descreveu sua reunião com Lynch como “construtiva”, afirmando que ela ajudou os dois lados compreenderem melhor a posição do outro. Mas ele também contou aos repórteres que Lynch não expressou nem apoio nem oposição ao pedido da Turquia aos Estados Unidos pela extradição de Gulen.
Uma declaração de Departamento de Justiça americano sobre a reunião de Lynch com Bozdag ainda disse, na quinta-feira, que os dois colegas discutiram a aplicação da lei e a cooperação em favor do contra-terrorismo entre os Estados Unidos e a Turquia, incluindo cooperação em extradições.
“Em especial, os dois ministros da justiça discutiram que, de acordo com o Tratado de Extradição EUA/Turquia, em ambos os países extradições estão sujeitas ao processo judicial, e assim devem preencher os padrões de prova do país requirido. Os dois Ministros da Justiça juraram que seus departamentos continuarão sua atual aproximação e cooperação completa”, disse a declaração.
Apesar de Bozdag ter alegado repetidamente que a Turquia enviou evidências de que Gulen arquitetou o golpe e ter exigido sua prisão provisória, nenhuma instituição americana confirmou as declarações.
O governo turco vem usando a questão de seu pedido pela extradição de Gulen dos EUA como uma ferramenta política doméstica para mobilizar seu eleitorado na ausência de qualquer evidência confiável enviada aos EUA.
Bozdag afirmou novamente na quinta-feira que se os EUA não extraditarem Gulen, as relações Turquia-EUA ficariam prejudicadas.
As autoridades turcas alegam que Gulen, que tem vivido na Pensilvânia desde 1999, foi o cabeça por detrás da violenta tentativa de golpe que matou mais de 240 pessoas e feriu outras mil em 15 de julho, no entanto Gulen nega veementemente qualquer envolvimento.
O governo turco e o Presidente Recep Tayyip Erdogan designaram o movimento baseado na fé, inspirado por Gulen e que opera caridades, escolas e empresas por todo o mundo, como uma organização terrorista e lançaram uma ampla repressão sobre supostos membros desde a tentativa fracassada de golpe. Mais de 110.000 foram demitidos de empregos no estado, quase 73.000 detidos e mais de 32.000 presos pela Turquia por ligações a Gulen.
Gulen clamou por uma investigação internacional sobre a tentativa de golpe, mas Erdogan – chamando a tentativa de golpe de “um presente de Deus” – e o governo iniciaram um amplo expurgo com o objetivo de limpar os simpatizantes do movimento de dentro das instituições estatais, desumanizando suas figuras populares e colocando elas sob custódia.
Enquanto que Erdogan e o governo turco exigiram a extradição de Gulen dos EUA e fecharam escolas legadas ao movimento, as autoridades americanas, incluindo o vice-presidente Joe Biden, disseram várias vezes que são os tribunais americanos que vão decidir sobre a extradição de Gulen se um caso for apresentado contra ele com evidências concretas que demonstrem seu envolvimento em algum crime.
Fonte: www.turkishminute.com