Tribunal sob influência do governo dispensa caso de indenização de Gulen
Um tribunal de Ancara na terça-feira dispensou uma ação judicial por danos apresentada pelo erudito islâmico turco Fethullah Gulen contra o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, sob acusações de que Erdogan violou os direitos pessoais de Gulen.
Gulen apresentou uma ação judicial pedindo 100.000 liras turcas em danos contra Erdogan através de seu advogado em 2014 devido aos comentários que o então primeiro-ministro Erdogan fez em uma reunião do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) em que ele acusou Gulen de ser o líder de uma gangue na Pensilvânia.
Gulen tem vivido em um exílio autoimposto na Pensilvânia desde 1999.
O 20º Tribunal Civil de Primeira Instância de Ancara, que realizou a primeira audiência do caso na segunda-feira, decidiu dispensar a ação jurídica. O advogado de Erdogan, Burhanettin Sevencan, que participou da audiência, falou ao tribunal que a tentativa de golpe de 15 de julho mostrou como Erdogan estava certo em seus comentários sobre Gulen conforme pedia a dispensa dos procedimentos.
O tribunal não apenas dispensou a ação mas também decidiu que Gulen pague 2.000 liras turcas em multa por apresentar a ação judicial por supostamente fundamentos injustos.
O governo do Partido do Desenvolvimento e da Justiça (AKP) e o Presidente Erdogan, que lançaram uma guerra contra Gulen e o movimento Gulen que ele inspirou logo após a eclosão de um escândalo de corrupção no final de 2013 em que membros importantes do governo estavam envolvidos, levaram sua continuada repressão sobre o movimento e seus simpatizantes a patamar novo após uma tentativa de golpe fracassada em 15 de julho que matou 240 pessoas e feriu outras mil.
Apesar de o movimento negar veementemente ter qualquer participação na investigação de corrupção ou na tentativa de golpe, o governo acusa ele de ter comandado os dois, apesar da falta de qualquer evidência tangível.
Gulen clamou por uma investigação internacional sobre a tentativa de golpe, mas Erdogan – chamando o golpe de “um presente de Deus” – e o governo lançaram um amplo expurgo com o objetivo de limpar os simpatizantes do movimento das instituições estatais, desumanizando suas figuras populares e colocando eles em custódia.
O governo também acusa o movimento de ser uma organização terrorista apesar da ausência de qualquer decisão judicial com esse efeito.
Mais de 3.400 juízes e promotores foram dispensados como parte de uma caça às bruxas contra o movimento Gulen, logo após a tentativa de golpe de 15 de julho.
Fonte: www.turkishminute.com