Jornalista revela estrutura organizacional das comissões dos expurgos na Turquia
Saygi Ozturk, chefe do escritório em Ancara do jornal de oposição Sozcu, descobriu os principais atores na recente limpeza na Turquia de vozes dissidentes de dentro das instituições estatais, particularmente de simpatizantes do Movimento Gulen.
Em sua coluna de domingo, Ozturk disse que presidentes de comissões de 5 a 6 pessoas instaladas dentro de todos os órgãos estatais ditam as regras sobe quem seria removido do serviço civil devido a ligações com Gulen.
O governo acusa o movimento de ser o cabeça da tentativa de golpe de 15 de julho mas, de acordo com muitos analistas, fracassa ao sustentar suas alegações com provas confiáveis. O movimento, enquanto isso, nega evolvimento, criticando qualquer intervenção em administrações democraticamente eleitas. Mais de 100.000 funcionários públicos ou foram demitidos ou suspensos do serviço público de 15 de julho.
“Uma comissão de 5 a 6 pessoas decide sobre as suspensões. A comissão consiste de certos burocratas que trabalham na instituição em questão. Eles são ou chefes dos departamentos de inspeção e assessoria, departamentos pessoais; ou conselheiros jurídicos, na maioria dos casos. Comissões em ministérios possuem um ou dois vice subsecretários”, disse Ozturk.
“Os chefes das comissões são escolhidos dentre os que foram indicados durante o governo AKP e que têm identidades políticas em completa conformidade com a do governo”. Como o princípio de “confiabilidade” é da mais alta importância, o governo prefere escolher aqueles que também se alinham ideologicamente com o governo, disse ele também.
Está bem fora de questão os membros adicionarem uma observação ou recusarem assinar a decisão final sobre as suspensões, disse Ozturk, adicionando que: “Observações existem até em decisões judiciais pois as pessoas poderiam diferir de opinião. As decisões das comissões são decisivas neste contexto”.
Informações sobre funcionários suspeitos
“A inteligência quanto aos servidores públicos suspeitos vêm ou do Serviço de Inteligência Nacional (MIT) ou investigações intra-institucionais. A que vem do MIT são bem limitadas”, Ozturk disse anteriormente ainda que servidores públicos politicamente próximos aos chefes das comissões fornecem informações à comissão.
“Eles fornecem informações à comissão de acordo com suas impressões, boatos, simpatia ou ódio para com seus colegas”, sustentou o colunista.
É uma ocorrência comum que os servidores públicos denunciem os colegas que não gostem à comissão como gulenistas, ele também disse.
Ministros têm voz em alguns casos
Não há votação sobre as decisões, escreveu Ozturk, e ainda que o chefe da comissão tem a última palavra apesar de que os membros às vezes levantem objeções fracas.
Os membros sempre assinam a decisão final para manterem seus cargos nas comissões, afirmou ele.
“Membros da comissão obedecem sem questionar quando ministros lhes pedem para adicionar ou deixar de fora alguém das listas finais… Nunca são ditas as razões subjacentes aos servidores públicos do porque de eles terem sido marginalizados” disse Ozturk.
A razão mais comum é a filiação ao movimento, ressaltou Ozturk, e disse: “Mas essa afiliação não possui definição. Essa é também a situação mais problemática e mais ilegítima neste período. Por a justificativa não existir, a decisão não pode ser confirmada como justa ou injusta”.
De acordo com Ozturk, as investigações sobre os suspeitos vasculham um período que vai até 17-25 de dezembro de 2013, quando investigações de corrupção que envolviam altos funcionários do governo foram reveladas.
Reportagens na mídia turca disseram anteriormente disse que as pessoas que não conseguiram se desligar das instituições afiliadas com o movimento imediatamente após as investigações de corrupção são consideradas como membros de organização terrorista na visão do governo.
O governo desde então chama as investigações de 2013 de uma tentativa de golpe e colocou a culpa sobre o movimento.
Fonte: www.turkeypurge.com