Entre a rebelião e a ditadura
A situação na Turquia está longe de ser calma. Erdogan está eliminando a oposição em uma atitude ditatorial. Para se evitar o golpe, corre-se o risco da criação de uma ditadura. Ele está literalmente eliminando seus inimigos, em uma ação muito sangrenta, que deixou mais de 300 mortos e milhares de presos. Temos que lembrar que não foi a primeira tentativa de golpe na Turquia, tivemos outras. A consequência é o aumento das incertezas, e o medo é que presidente se torne um ditador.
A democracia está em risco, e é por isso que as pessoas estão com medo. Ele está suprimindo o direito à liberdade de expressão e o de protestar. Por outro lado, temos que saber que o golpe seria ainda mais devastador para o país, com muitas complicações militares e a alteração da relação com os EUA. Não podemos esquecer que, apesar dos problemas atuais, Erdogan foi eleito de forma democrática, em um governo legal. Mas teve uma reação exagerada à situação, e é isso que está criando problemas para o futuro do país.
A possível solução para a crise está no Parlamento. Ali é onde pode haver uma negociação efetiva. Lá, Erdogan poderá ser contido e, ao mesmo tempo, garantido como líder democrático. Temos que lembrar que a democracia prevê diferentes pontos de vista, e isso é necessário para o povo turco. A Turquia é um país moderno, não é como Afeganistão, Somália ou Líbia. É um país que tem feito as coisas certas, tem uma população jovem bem-educada, e o povo é capaz de resolver os seus problemas.
No passado, os EUA e a União Soviética interferiram muito na vida turca. Hoje, uma intervenção externa agravaria a situação interna do país. Muitas vezes, a movimentação das potências tornam a solução dos problemas mais complexas, como na Ucrânia. Síria e Afeganistão são outros exemplos. É melhor uma ação coordenada com a ONU.
Diretor do Centro de Estudos do Oriente Médio da Universidade Estadual de Ohio, em depoimento a Henrique Gomes Batista, Washington