Analistas veem caminhos incertos na Turquia após golpe frustrado e expurgos em massa
Jornalistas e analistas debatem problemas e desafios à democracia do país
RIO, ANCARA E BERLIM – Num processo de deterioração democrática há mais de dois anos, a Turquia chegou ao auge de sua instabilidade política no último dia 15, com a tentativa fracassada de golpe por militares e a dura reação do presidente Recep Tayyip Erdogan. Nas últimas semanas, o expurgo e a prisão de milhares de funcionários públicos e das Forças Armadas, além de uma apressada reforma das instituições estatais, deixam o país diante de um caminho incerto.
Opositores ao regime sofrem com ações na Justiça e prisões sem provas. Simpatizantes do clérigo Fethullah Gülen, ex-aliado e hoje maior rival de Erdogan, são acusados de terrorismo e de organizarem a tentativa de tomada do poder. Meios de comunicação independentes, já alvo crescente de expropriações e ações jurídicas, denunciam cerceamento quase total. Hoje, analistas veem a situação dos direitos humanos no país como “cada vez mais preocupante”.
Mesmo pressionado pelo início de uma retração econômica, Erdogan endurece o discurso contra aliados e ameaça cortar cooperações vistas por EUA e União Europeia como cruciais, como a parceria militar no instável Oriente Médio e a ampla recepção aos refugiados que escapam da guerra civil na Síria.
Em artigos exclusivos para o GLOBO, jornalistas turcos, analistas e cientistas políticos questionam os rumos da democracia local, explicam o cenário de incerteza política e tentam antecipar as próximas políticas do presidente.