Alparslan Çelik, Paramilitar Turco
Por Marli Barros Dias
Membro do grupo ultranacionalista Lobos Cinzentos, ideologicamente originário da extrema-direita turca, ligado ao Partido do Movimento Nacionalista turco, Alparslan Çelik, nascido em 1982, em Keban, província de Elazig, Turquia, é filho de Ramazan Çelik, ex-Prefeito do município de Keban. Segundo Comandante da Brigada Monte Turcomano, Çelik tornou-se conhecido por ter admitido, juntamente com seus companheiros turcomanos, o assassinato do Tenente-Coronel Oleg Peshkov, o piloto do caça-bombardeiro russo Sukhoi SU-24, abatido em 24 de novembro de 2015, nas imediações de Yayladagi, província de Hatay, após ter-se ejetado da aeronave. A atividade deste radical está associada aos combates na Guerra Civil síria, em defesa da minoria turcomana radicada naquele território e, também, ao terrorismo internacional. Ele é um elemento fundamental que revela o vínculo existente entre os paramilitares turcos e o Governo. No entanto, Ancara nunca admitiu nenhum elo com os extremistas, mas as evidências apontam para a correlação de forças num conflito que tem congregado energias em torno de causas nem sempre claras.
Numa altura em que a guerra por procuração é uma modalidade adotada por vários países com interesses na Síria, Alparslan Çelik não esconde a relação do seu grupo com a Turquia. Esta questão tornou-se evidente quando, em 28 de janeiro de 2016, Çelik concedeu uma entrevista ao diário turco Hürriyet Daily News. Na ocasião, o militante dos Lobos Cinzentos queixou-se do “insuficiente apoio” da Turquia aos turcomanos da região, tendo exigido mais “apoio em tecnologia e armas”. Ao se referir à fragilidade de defesa da organização a que pertence, em termos tecnológicos com relação aos russos, ele afirmou com naturalidade: “Nós não temos poder armado para responder às suas armas tecnológicas. Com certeza que a Turquia fornece armas para o trabalho na luta mão-a-mão, mas nós não temos sistemas defensivos aéreos e infraestrutura tecnológica”. Neste contexto, as informações convergem para a conexão entre os Lobos Cinzentos e o Governo turco, que foi considerado, por analistas, como condescendente em relação a Çelik, no caso do piloto russo. O militante chegou a ser detido em março de 2016 mas, segundo as autoridades turcas, a sua prisão não estava relacionada com a morte do piloto russo e sim com o transporte ilegal de armas e o desvio da ajuda à minoria turcomana na Síria.
Inicialmente, a ação que levou a óbito o militar russo não foi negada por Çelik, mas sim comemorada. Segundo ele, “foi no dia em que Kızıldağ [montanha] caiu [para o regime sírio, apoiado pela Rússia]. Era sexta-feira e entrámos em ação com as orações da manhã. Nós levámos a cabo uma operação para retomar Kızıldağ e, no meio da operação, apareceram os aviões de guerra russos e bombardearam a nossa linha de operação. O avião de guerra russo foi abatido pelo F-16 turco, os nossos bravos pilotos, enquanto retornavam do lado turco”. Em vários momentos, o radical turco exibiu o acontecimento, considerando-o como um ato vitorioso ante o inimigo. Após este fato, as relações turco-russas se deterioraram, tendo Moscou aplicado sanções aos “produtos alimentares, o fim da isenção de vistos e um boicote da Turquia pelos turistas russos”. Ultimamente, a Rússia tem demonstrado a intenção de normalizar as relações diplomáticas com a Turquia, embora haja alguns pontos que têm suscitado a desconfiança por parte da comunidade internacional. Eles dizem respeito ao fato de Alparslan Çelik ter sido inocentado por falta de provas e à negação de tudo aquilo que afirmou na entrevista ao jornal Hürriyet Daily News. A mudança de atitude de Çelik ante o caso que envolve a morte do piloto russo tem contribuído para aumentar as suspeitas acerca do apoio da Turquia aos grupos paramilitares, nomeadamente, aqueles que estão em atividade na Síria.
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Imagem:
Alparslan Çelik.
(Fonte):
http://www.yenicaggazetesi.com.tr/d/other/alparslan-celik-rus-ucagi-pilotunu-vuran-tu%CC%88rkmen.jpg
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Publicado em: http://www.jornal.ceiri.com.br/