Prisão de melhores militares turcos prejudicará guerra contra ISIS
> Alega que a repressão do Presidente Erdogan deixou os militares da mais alta patente na cadeia
> Erdogan negou furiosamente as alegações e acusou os EUA de apoiarem o golpe
> A tentativa fracassada de golpe levou dezenas de milhares de turcos a perderem seus empregos
> Cerca de 40 por cento de todos os generais e almirantes dispensados desde o golpe.
Chefes de inteligência americanos avisaram que os expurgos na Turquia estão prejudicando a luta contra o ISIS, depois que o Presidente Turco prendeu alguns dos melhores militares do país.
Este fato acontece da poderosa repressão do Sr. Erdogan contra os que estão por detrás da tentativa fracassada de golpe de 15 julho.
Mas o presidente rejeitou a crítica furiosamente, sugerindo que algumas pessoas nos EUA estavam do lado dos golpistas.
James Clapper, chefe da inteligência nacional americana, disse que muitos desses militares que foram presos tinham trabalhado de forma próxima com os EUA.
Os aliados ocidentais de Erdogan condenaram o golpe, em que ao menos 246 foram mortas e mais de 2.000 feridas, mas ficaram abalados pela escala da repressão.
O chefe do Comando Central americano, o General Joseph Votel, disse que acreditava que algumas das figuras militares com que os EUA tinham trabalhado estavam na cadeia, sendo condenados por causa de Erdogan
“Em vez de agradecerem este país que repeliu a tentativa de golpe, vocês tomam o lado dos golpistas. O golpista já está em seu país”, disse o Sr. Erdogan, se referindo ao clérigo muçulmano Fethullah Gulen, que nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe.
O Gen. Votel disse que as alegações de que ele estava envolvido em uma tentativa de golpe fracassada na Turquia era “infeliz e completamente incorreta” em uma declaração emitida pelos militares americanos na sexta-feira.
“A Turquia tem sido uma parceira extraordinária e vital na região por muitos anos. Apreciamos a continuada cooperação da Turquia e ansiamos por nossa futura parceria na luta contra o ISIS”.
O porta-voz da Casa Branca Eric Schultz também descartou as alegações de que o Gen. Votel apoiou os golpistas e mencionou os comentários do Presidente dos EUA Barack Obama da semana passada que diziam que quaisquer relatos de que Washington possuía conhecimento prévio da tentativa de golpe eram completamente falsos.
O Sr. Erdogan culpou o clérigo muçulmano radicado nos EUA Fethullah Gulen de tramar a tentativa de golpe, que matou mais de 240 pessoas, e convocou Washington a extraditá-lo.
“Eles (os críticos) dizem … ‘nos preocupamos com o futuro (da Turquia)’. Mas com que esses cavalheiros estão preocupados? Se o número de detidos e presos crescerá? Se são culpados, aumentará”, disse o Sr. Erdogan, que escapou por pouco de ser capturado e possivelmente morto na noite do golpe.
Ao perguntarem sobre os comentários dos EUA quanto a perda de interlocutores turcos, o primeiro-ministro turco Binali Yildirim ecoou o tom impetuoso do Sr. Erdogan: “Isso é uma confissão. Se os generais gulenistas são seus amigos, estão na mesma classe”.
O Sr. Yildirim também disse que a Turquia fecharia uma base aérea perto de Ancara que servia como uma plataforma para os golpistas e também todos os quartéis usados por eles.
A Turquia anunciou no final da quinta-feira uma grande reorganização de suas forças armadas, a segunda maior da OTAN, com a promoção de 99 coronéis ao ranque de general o almirante e a desonrosa exoneração de quase 1.700 militares devido aos seus supostos papéis no golpe.
Cerca de 40 por cento de todos os generais e almirantes foram dispensados desde o golpe.
O Ministro da Defesa Fikri Isik contou à emissora NTV na sexta-feira que a reorganização entre os militares não havia acabado ainda, dizendo também que academias militares iriam ser agora um alvo da “limpeza”.
Os expurgos também atingiram os mistérios do governo, escolas e universidades, a polícia, o serviço civil, a mídia e os negócios.
O número de trabalhadores do setor público removidos de seus postos desde a tentativa de golpe está agora em mais de 66.000, incluindo cerca de 43.000 pessoas na educação, relatou a agência estatal Anadolu na sexta-feira.
O Ministro do Interior Efkan Ala disse que mais de 18.000 pessoas tinham sido detidas devido a tentativa fracassada de golpe, e que mais de 50.000 passaportes tinham sido cancelados. O ministério do trabalho disse que estava investigando 1.300 funcionários devido aos seus possíveis envolvimentos.
Imogen Calderwood
Fonte: www.dailymail.co.uk