Dólar fecha em queda com crise na Turquia e apetite por risco
O dólar fechou em queda frente ao real, refletindo o cenário externo ainda favorável para a aplicação em ativos de risco. Com a terceira taxa nominal mais alta do mundo, só perdendo para a Venezuela e Argentina, e a melhora dos fundamentos macroenômicos do país, o Brasil tem se destacado como um dos mercados que mais podem se beneficiar do fluxo para emergentes.
Além disso, a preocupação com o aumento da concentração de poder do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, após a tentativa fracassada de golpe militar no país, pode, na visão dos analistas, beneficiar os investimentos em Brasil. Com uma taxa de juros acima da média dos emergentes, de 7,5%, a Turquia é considera um mercado de “high yield”, concorrente do Brasil, e com o aumento das incertezas lá, os investidores podem migrar as alocações para o mercado de renda fixa brasileiro.
O dólar comercial caiu 0,35%, cotado a R$ 3,24. Já o contrato futuro para agosto recuava 0,14% para R$ 3,257.
O cenário externo positivo, a expectativa de avanço da agenda de ajuste fiscal e a perspectiva de ingressos de recursos em busca de retornos mais altos têm sustentado a alta do real neste ano.
O Brasil voltou a registrar entrada líquida de recursos na semana passada, após duas semanas consecutivas de fluxo negativo.
Entre os 11 e 15 de julho, o fluxo total foi positivo em US$ 1,109 bilhão, recuperando quase toda a perda de US$ 1,313 bilhão da semana anterior.
A conta comercial – em que é registrada a contratação de câmbio para exportação e importação – foi superavitária em US$ 594 milhões. Já a conta financeira – em que são contabilizados investimentos em portfólio, por exemplo – teve saldo positivo de US$ 515 milhões, longe, contudo, de compensar os US$ 9,482 bilhões perdidos nas duas semanas anteriores.
Em julho, o fluxo cambial é negativo em US$ 636 milhões.
Em 2016, as saídas de recursos superam as entradas em US$ 11,045 bilhões, contra fluxo positivo de US$ 10,165 no mesmo intervalo de 2015.
Nesse cenário, o Banco Central segue com a estratégia de reduzir o estoque em swaps cambiais tradicionais e vendeu hoje todos os 10 mil contratos de swap cambial reverso ofertados em leilão, operação equivalente a uma compra de US$ 500 milhões no mercado futuro. Se mantiver o mesmo ritmo, o BC terá retirado do mercado US$ 9,5 bilhões em julho, liquidando o próximo lote de swaps tradicionais de US$ 9,142 bilhões que vence em setembro.