Cerca de 60 mil pessoas são alvos de expurgo após golpe fracassado na Turquia
O governo turco ampliou o expurgo a vários setores da sociedade após a fracassada tentativa de golpe no país na semana passada, e já são cerca de 60 mil militares, policiais, juízes, funcionários públicos e professores suspensos, detidos ou sob investigação. Em mais uma medida de repressão, o Ministério da Defesa anunciou nesta quarta-feira que está investigando todos os juízes militares e promotores, além de suspender 262 deles, segundo a rede de televisão privada NTV.
A emissora não deu mais informações, e não está claro se as novas suspensões já são resultado de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, esta tarde na capital, Ancara. Ações contra a imprensa também foram tomadas, com a revogação das credenciais de 34 jornalistas e a suspensão da distribuição de uma revista.
Ainda nesta quarta-feira, mais 6.500 funcionários do Ministério da Educação foram suspensos, um dia depois de a pasta afastar 15.200 pessoas e também revogar as licenças de 21 mil professores que trabalham em instituições privadas em toda a Turquia. As viagens de acadêmicos ao exterior também foram suspensas.
Ao mesmo tempo, o governo de Recep Tayyip Erdogan pediu aos Estados Unidos a extradição do clérigo Fethullah Gulen, a quem responsabiliza pela tentativa de golpe dia 15. Mais de 200 pessoas morreram na ação em que militares revoltosos tentaram tomar o governo.
Segundo funcionários do governo turco, 99 generais dos cerca de 360 generais do país já foram acusados formalmente pela rebelião. Outros 14 generais permanecem detidos na sequência da rebelião.
Com o governo cada vez mais acusado de conduta autoritária, as credenciais de 34 jornalistas foram retiradas por suposta ligação com o movimento Gulen. A revista satírica “Leman” disse que a distribuição de sua edição especial foi impedida. Na capa, duas mãos traçavam um jogo de estratégia: uma empurrava soldados no tabuleiro; a outra respondia enviando civis.