Retaliação a críticos ao governo Erdogan
Além do cerco à liberdade da imprensa, as organizações não governamentais também vêm retaliação na Turquia. Várias ONGs reclamam que, ao se negarem a uma aliança com o governo, receberam batidas da polícia e sanções, como o bloqueio da captação de recursos.
Pessoas que fizeram doações para organizações humanitárias críticas ao governo teriam sido detidas, segundo relatos, enquanto empresários estariam sendo pressionados a doarem para a Turgev, entidade ligada à família do presidente Recep Tayyip Erdogan. Enquanto isso, a Kimse Yok Mu, que faz parte do Conselho Social e Econômico das Nações Unidas (Ecosoc), e é mencionada na lista das cem principais ONGs no mundo, começa a ficar sob pressão.
— Até ontem, os integrantes do atual poder político aplaudiam todos os trabalhos da Kimse Yok Mu, hoje querem claramente destruir a nossa associação. Tentam destruir o respeito aos olhos da sociedade que a organização adquiriu ao longo de vários anos, algemando os nossos gerentes das filiais, fazendo batidas aos escritórios com dezenas de policiais — contou Ayse Ozkalay, presidente da KYM.
Trata-se da maior instituição de caridade na Turquia. Ela foi fundada em 2002, e desde 2010 trabalha como parceira do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Com 30 filiais na Turquia e mais de 200 mil voluntários em mais de cem países, o grupo vem realizando assistência humanitária e atividades de desenvolvimento.
— Pressões, bloqueios e calúnias não podem ser colocados como barreira à frente do favor e do bem. Continuamos a caminhar sem parar pelo caminho que conhecemos e cremos ser o correto — acrescentou Ayse.
Por Yavuz Ugurtas
Fonte: oglobo.globo.com