Turquia assume controle de agência de notícias Cihan
Em comunicado divulgado na noite de segunda-feira, agência Cihan diz que tribunal de Istambul vai nomear um administrador para gerir a empresa a pedido de um procurador do Estado
ISTAMBUL – Autoridades turcas assumiram o controle da agência de notícias Cihan, de acordo com uma comunicado própria agência, ampliando a repressão contra apoiadores do clérigo Fethullah Gulen, um influente adversário do presidente Recep Tayyip Erdogan.
A Cihan disse em seu site na noite de segunda-feira, 7, que um tribunal de Istambul vai nomear um administrador para gerir a agência a pedido de um procurador do Estado, dias após as autoridades terem tomado o controle do principal jornal ligado a Gulen, o Zaman.
Tanto a Cihan como o Zaman fazem parte do grupo de mídia Feza Gazetecilik. Gulen, que mora nos Estados Unidos, é acusado por Erdogan de conspirar para derrubar o governo por meio de uma rede de apoiadores no Judiciário, na polícia e na mídia. Ele nega as acusações.
Os dois eram aliados até que policiais e procuradores considerados próximos a Gulen iniciaram uma investigação sobre corrupção no círculo ligado a Erdogan em 2013.
A desapropriação do jornal levou a alertas internacionais sobre a liberdade de expressão na Turquia e foi discutida na segunda-feira em uma reunião entre líderes da União Europeia com autoridades de Ancara sobre a crise imigratória.
Na noite de segunda-feira, o primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse que o governo do país respeita a liberdade de imprensa e destacou que a intervenção do jornal Zaman, mais lido do país e crítico ao Executivo, é um caso judicial e não político.
“A liberdade de expressão é um de nossos valores básicos, não só da União Europeia (UE), mas também da democracia turca. Sou contrário a qualquer restrição da liberdade de expressão e de imprensa”, disse o primeiro-ministro em entrevista coletiva após ser perguntado se tinha conversado sobre o caso “Zaman” com os líderes dos 28 países-membros da UE.
“Vários veículos da imprensa gozam de liberdade e a prova é que há muitos que se opõem e criticam o governo duramente. O caso Zaman é judicial, não político”, defendeu Davutoglu.
De acordo com o primeiro-ministro, a acusação dos promotores contra o Zaman está relacionada com lavagem de dinheiro e certos crimes cometidos por uma rede ilegal infiltrada no governo, que utilizava a Polícia e o Judiciário para atacar as liberdades individuais de certos cidadãos turcos.
Davutoglu disse que os tribunais, e não o governo, que decidirão sobre o caso, da mesma maneira que, há duas semanas, o Tribunal Constitucional decidiu libertar dois jornalistas que estavam sob custódia por revelarem documentos sigilosos do governo, “algo que é crime em muitas sociedades democráticas”, afirmou.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que a liberdade de imprensa continua sendo uma condição essencial para o processo de adesão da Turquia à UE. Já a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que os líderes comunitários conversaram com Davutoglu sobre a situação e deixaram claro a importância da liberdade de imprensa. / REUTERS e EFE
Fonte: www.estadao.com.br