Ebru Umar, jornalista holandesa, presa por ofender Erdogan
KUSADASI, Turquia — A jornalista holandesa de origem turca Ebru Umar foi levada pela polícia de sua casa de veraneio em Kusadasi, no Oeste da Turquia, e passou várias horas detida no sábado por ter criticado o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Segundo Umar escreveu em sua conta no Twitter, ela foi levada a um hospital para realizar exames antes de seguir para a Promotoria e, mais tarde, foi libertada “com a proibição de sair do território turco”, disse.
Ação é mais um episódio de repressão aos críticos do presidente no país
— Não posso dizer que não fui bem tratada. Passei uma noite agradável na companhia de um senhor de 55 anos discutindo política e a situação da Turquia — disse Umar.
Recentemente, Umar escreveu um artigo muito crítico a Erdogan no jornal “Metro”. No texto, ela falava sobre a polêmica em torno de um e-mail enviado pelo Consulado-geral da Turquia em Roterdã, na Holanda, aos membros da comunidade turca local aconselhando-os a denunciar insultos nas redes sociais contra o presidente. Umar também criticou Erdogan em sua conta no Twitter, usando um palavrão.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, informou por sua conta no Twitter que conseguiu falar com Umar: “Nossa embaixada está em contato com ela”, escreveu. Um advogado está tentando derrubar a restrição à viagem para que ela possa voltar à Holanda.
Os julgamentos por ofensas a Erdogan aumentaram na Turquia desde sua eleição à Presidência, em agosto de 2014. Quase dois mil processos judiciais foram abertos contra artistas, jornalistas e outros cidadãos, inclusive por postagens em redes sociais.
Acadêmicos perseguidos
Na sexta-feira, quatro acadêmicos turcos foram libertados para aguardar julgamento, depois de serem presos sob acusação de disseminar propaganda terrorista. Eles foram detidos em março, quando leram em público um manifesto pedindo o fim das operações de segurança no Sudeste do país, região de maioria curda.
Eles estavam entre os mais de dois mil signatários da petição organizada pelo grupo Acadêmicos pela Paz. O presidente Erdogan disse que os apoiadores do documento pagariam um preço pela “traição”. A próxima audiência do caso será em setembro.
No fim de semana, a chanceler federal alemã Angela Merkel e outros altos representantes da União Europeia estiveram na Turquia para tentar um acordo que barre a entrada de imigrantes na Europa. Os líderes da UE têm sido acusados de se omitir quanto às ameaças à liberdade de expressão na Turquia para não desagradar a um país visto como crucial para conter os refugiados.
Fonte: http://oglobo.globo.com