Entenda o processo do conflito na Síria
O cessar-fogo parcial na Síria, previsto a partir da noite desta sexta-feira, ocorre depois que várias outras tentativas de estabelecer uma trégua fracassaram.
O conflito, que começou em 2011, já deixou mais de 270.000 mortos e obrigou milhares de pessoas a fugir.
No dia 2 de novembro de 2011 os países da Liga Árabe chegaram a um acordo com a Síria para deter os combates, libertar os presos e retirar as tropas localizadas nas cidades. Nenhum dos compromissos foi respeitado.
Nas semanas posteriores, a Liga suspendeu a Síria e aplicou duras sanções.
No início de 2012, a Síria fechou a porta a uma solução negociada com os países árabes e disse que seu objetivo era sufocar o levante armado.
Em 12 de abril de 2012, o delegado especial da Liga Árabe negociou uma trégua que durou poucas horas.
Entre 14 de abril e 21 do mesmo mês, o Conselho de Segurança da ONU aprovou duas resoluções para mobilizar uma missão de observadores. No entanto, em 16 de junho o chefe dos enviados anunciou a suspensão da missão devido à intensificação da violência.
Em 30 de junho de 2012, um grupo formado por Estados Unidos, China, Rússia, França, Reino Unido, Turquia e alguns países árabes anunciou um acordo para uma transição, mas depois as opiniões sobre este processo começaram a divergir.
Para Washington, este acordo, que nunca chegou a ser aplicado, abria caminho para o fim da era Asad, enquanto Moscou e Pequim sustentavam que cabia aos sírios determinar o futuro político de seu país.
Em 14 de setembro de 2013, os Estados Unidos e a Rússia acordaram em Genebra um desmantelamento das armas químicas nas mãos do governo sírio, depois que um ataque atribuído ao regime deixou centenas de mortos perto de Damasco.
Este acordo evitou um ataque aéreo iminente com o qual os Estados Unidos ameaçaram.
Entre 22 e 31 de janeiro de 2014, após uma série de negociações na Síria entre os representantes do governo sírio, apoiado pela Rússia, e algumas personalidades da oposição, nenhum resultado concreto foi alcançado.
No dia 15 de fevereiro, o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, que substituiu Annan, pôs fim aos diálogos.
No dia 13 de maio, o diplomata renuncia ao seu cargo e em julho é substituído por Staffan de Mistura.
No dia 30 de outubro de 2015, um mês após a Rússia começar a bombardear territórios sírios a pedido de Damasco, 17 países, incluindo França, Estados Unidos e Irã, se reuniram em Viena.
O regime e a oposição estiveram ausentes destas negociações e ao fim do encontro ficaram evidentes profundas divergências sobre qual deveria ser o futuro de Assad.
Em 14 de novembro, diplomatas de todo o mundo se reuniram em Viena e fixaram um mapa do caminho, embora as divergências sobre Assad persistissem.
Em 18 de dezembro de 2015, o Conselho de Segurança da ONU aprovou pela primeira vez um plano para levar adiante uma solução política ao conflito, incluindo uma proposta para estabelecer um governo de transição por seis meses e a convocação para eleições em um prazo de 18 meses.
No dia 29 de janeiro de 2016 começam em Genebra as negociações entre alguns atores da oposição e do regime.
Em 3 de fevereiro, as negociações ficaram suspensas depois que Damasco lançou uma ofensiva apoiado pela Rússia.
No dia 12 de fevereiro de 2016, o Grupo Internacional de Apoio à Síria (GIAS), dirigido por Washington e Moscou, acordou em Munique o fim das hostilidades na Síria, dando como prazo uma semana.
A trégua foi ignorada.
No dia 22 de fevereiro, Estados Unidos e Rússia voltaram a anunciar um plano para o fim das hostilidades a partir de 27 de fevereiro às 22h00 GMT (19h00 de Brasília). A trégua foi aceita pelo regime, pela oposição e pelas milícias curdas, mas não inclui os grupos jihadistas.