Voz da Turquia

 Últimas Notícias
  • Maioria dos turcos se opõe à emenda constitucional que permitiria a reeleição de Erdoğan A maioria dos turcos, 66,3%, é contra uma emenda constitucional que permitiria ao presidente Recep Tayyip Erdoğan concorrer novamente nas eleições de 2028, informaram os meios de comunicação locais no fim de semana, citando uma pesquisa de opinião recente....
  • Turquia apoia medidas para aliviar tensão na Síria em conversa com Blinken O principal diplomata da Turquia e o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversaram no domingo sobre o conflito em "rápido desenvolvimento" na Síria, onde forças rebeldes obtiveram avanços, informou a Agence France-Presse....
  • Rússia responde à suposta oferta de aliado da OTAN para congelar guerra na Ucrânia A Rússia não aceitará uma proposta, supostamente formulada pela Turquia, para encerrar os combates na Ucrânia após quase 1.000 dias de guerra, declarou o Kremlin na segunda-feira, à medida que a perspectiva de um cessar-fogo, que há muito parecia irrealista, começa a aparecer no horizonte com a nova presidência dos EUA....
  • Erdogan se opõe ao uso de mísseis de longo alcance dos EUA pela Ucrânia e pede moderação O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, se posicionou contra a decisão dos Estados Unidos de permitir que a Ucrânia utilize mísseis de longo alcance para atacar o território russo, afirmando que isso agravará ainda mais o conflito, segundo um comunicado divulgado por seu gabinete nesta quarta-feira.  ...
  • Empresa de defesa turca Repkon vai estabelecer fábrica de munição de artilharia no Paquistão A empresa de defesa turca Repkon assinou nesta quinta-feira um acordo com a Wah Industries Limited (WIL), do Paquistão, para desenvolver uma linha de produção e preenchimento para corpos de projéteis de artilharia de 155 mm, com uma capacidade anual de 120.000 unidades, informou a agência estatal Anadolu....
  • Autoridades turcas investigam Mastercard e Visa por supostas práticas anticompetitivas O Conselho de Concorrência da Turquia anunciou na segunda-feira o início de uma investigação sobre as gigantes globais de pagamentos Mastercard e Visa em meio a acusações de práticas anticompetitivas no país, informou a agência estatal Anadolu.  ...
  • Lula se reúne com Erdogan, Meloni e outros nove líderes neste domingo A véspera do início da Cúpula de Líderes do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá neste domingo (17) onze reuniões bilaterais, entre elas com expoentes para a direita brasileira como o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni....
  • BRICS ofereceu status de país parceiro à Turquia, diz ministro do comércio turco O grupo BRICS ofereceu à Turquia o status de país parceiro, informou o ministro do Comércio, Omer Bolat, enquanto Ancara continua o que chama de esforços para equilibrar seus laços com o Oriente e o Ocidente.  ...
  • Liberdade de imprensa na Turquia se deteriora ainda mais em 2024, aponta relatório No terceiro trimestre de 2024, a Turquia sofreu um recrudescimento das restrições à liberdade de imprensa e de expressão, como evidenciado num relatório da Agenda para a Liberdade de Expressão e Imprensa. Jornalistas enfrentaram aumento de processos legais, detenções e investigações, juntamente com ameaças de morte e ataques físicos. As autoridades censuraram conteúdo online, impuseram limitações de acesso a plataformas como o Instagram e aplicaram sanções regulatórias a órgãos de comunicação social. Estas tendências reflectem um padrão mais amplo de repressão do governo sobre o discurso crítico e a independência dos meios de comunicação social, confirmando as recentes descobertas da Freedom House que classificam a Turquia como tendo a menor liberdade online na Europa....
  • CEDH ordena à Turquia pagar indenizações às vítimas dos expurgos pós-golpe A CEDH condenou a Turquia a pagar 2,34 milhões de euros em indenizações a 468 indivíduos detidos ilegalmente após a tentativa de golpe de 2016, elevando o total devido em casos similares para 10,76 milhões de euros. As detenções, baseadas em acusações de afiliação ao movimento Hizmet (inspirado por Fethullah Gülen e rotulado como terrorista pelo governo de Erdoğan), foram consideradas ilegais devido à falta de "suspeita razoável", violando o Artigo 5 § 1 da CEDH. A CEDH criticou o uso de evidências frágeis, como o uso do aplicativo ByLock, contas no Banco Asya e posse de notas de um dólar específicas, para justificar as prisões. A decisão insere-se num contexto mais amplo de repressão pós-golpe na Turquia, com mais de 130.000 funcionários públicos demitidos e uma queda significativa no índice de Estado de Direito do país, refletindo a preocupação internacional com as violações de direitos humanos e a deterioração da democracia turca....

Hizmet Desmascara Erdogan antidemocrático

Hizmet Desmascara Erdogan antidemocrático
março 17
19:32 2016

Como clérigo proeminente, Fethullah Gülen tem de expressar sua opinião sobre política, defende o autor.

Tentar entender o que tem acontecido na Turquia nos últimos dois meses é impossível sem considerarmos o escândalo de corrupção que veio à tona em 17 de dezembro de 2013. Contudo, um artigo publicado pela Al Jazeera faz exatamente isto, ignora qualquer referência à maior investigação sobre suborno que o país já viu.

Muito pelo contrário, como que para desviar a atenção do caso de corrupção, a coluna culpou unicamente o erudito islâmico Fethullah Gülen, dizendo que ele objetiva controlar o Estado por meio de seus seguidores dentro de órgãos governamentais.

O Movimento Hizmet (Serviço) é uma comunidade religiosa e social inspirada pelos ensinamentos pacíficos e progressistas de Gülen e engloba uma ampla rede de pessoas não somente na Turquia, mas também em 160 países ao redor do mundo.

É verdade que Gülen não é um simples pregador. De fato, ele encoraja turcos devotos a receberem a melhor educação possível, a irem além dos limites que o Estado burocrático e autoritário lhes impõe e a conquistarem posições que antes estavam tradicionalmente reservadas à elite. Por isso, ele se tornou alvo do Militarismo Kemalista, que vê o Movimento Gülen como ameaça ao opressivo Estado laico turco.

Gravações manipuladas

Quando o governo militar lançou uma campanha de guerra psicológica para derrubar o governo islamista na Turquia, em 28 de fevereiro de 1997, Gülen, naturalmente, enfrentou a ira de soldados e se tornou alvo. Alguns meios de comunicação, que estavam sendo usados pelo militarismo como “ferramenta conveniente”, publicaram gravações manipuladas de Gülen para criar a impressão de que seus seguidores haviam se “infiltrado” no Estado. Na verdade, esse era um argumento que o opressivo Estado laico, frequentemente, usava contra cidadãos religiosos.

Assim, é uma ironia do destino que muçulmanos devotos recorram às mesmas ferramentas usadas, anteriormente, pelo repressivo regime militar para desestabilizar Gülen e seu movimento.

A coluna recente da Al Jazeera se referia às mesmas gravações usadas pelo governo militar durante o período do golpe de 28 de Fevereiro.

Apesar de Gülen ter sido processado por tentativa de mudar a natureza do regime, durante o ápice da pressão militar em 1999, ele foi inocentado de todas as acusações em um julgamento que durou oito anos.

Não é segredo que Gülen encoraja os simpatizantes do Movimento Hizmet a não se recusarem a assumir cargos no dentro do Estado. Qualquer cidadão turco, pelo menos no papel, é igualmente elegível a trabalhar para o governo desde que tenha as qualificações necessárias.

Quem está se infiltrando?

Quem pode acusar um cidadão turco de se “infiltrar” em seu próprio Estado? O Estado pertence apenas a um certo grupo ou interesse? Dizer que o Movimento Hizmet se infiltrou no Estado é o mesmo que admitir que este estava sob o controle de outra pessoa.

Há pessoas de todas as classes sociais, de todos os segmentos da sociedade e de todas as faixas etárias que apoiam a Gülen. Não surpreende que haja, também, policiais, juízes e promotores que aprovem a interpretação dele sobre o Islã.

No entanto, para declarar que o objetivo é tomar o Estado, é necessário apresentar evidências concretas de que essas pessoas estão recebendo instruções de Gülen ou do Movimento Hizmet ao invés de seus superiores dentro dos órgãos estatais.

O primeiro-ministro tem alardeado que um “estado paralelo” dentro do Estado tem o objetivo de derrubar o seu governo, em referência ao Movimento Hizmet. Apesar da transferência e reposicionamento de milhares de policiais e centenas de juízes e promotores, o governo de Erdogan não conseguiu encontrar uma única evidência de um “estado paralelo”

Tendo em vista todos os sinais de corrupção, torna-se evidente que essa história de “estado paralelo” é um inimigo imaginário que Erdogan usa em sua luta contra “moinhos de vento”.

Criticar Gülen por expressar opiniões sobre outros assuntos além de religião é outro argumento Kemalista. Os fundadores da República da Turquia não queriam pessoas religiosas envolvidas em política e problemas sociais. Como líder espiritual de um movimento global – com atividades que vão desde educação à meios de comunicação; de empresas à organizações de ajuda humanitária – é, simplesmente, normal que Gülen expresse suas opiniões sobre assuntos não-religiosos.

Em democracias avançadas, grupos de pressão são bem-vindos e a sociedade civil é encorajada a servir como mecanismo de controle dentro do sistema.

Em qualquer lugar do mundo, líderes espirituais e suas opiniões são levadas a sério devido a seu impacto nas massas. No caso de Gülen, foi provado muitas vezes que ele usa sua influência de maneira construtiva e positiva, sempre pedindo às pessoas que ajam pacificamente e dentro dos limites da lei.

Com relação ao infeliz incidente com o Mavi Marmara, no qual nove turcos inocentes foram assassinados por soldados israelenses em águas internacionais, Gülen não “culpou” os ativistas, como disse Kaplan. Ele disse que aconselhava seus seguidores a cooperarem com as autoridades, quando o propósito é levar ajuda aos palestinos. Gülen, também, publicou uma mensagem expressando suas condolências e descrevendo as vítimas como “mártires”.

Mulheres que sofrem discriminação por usarem o véu, na Turquia, sabem muito bem que demonstrar religiosidade é uma razão para ser excluído de posições estatais. Não apenas muçulmanos devotos são forçados a esconderem sua identidade pelo regime repressivo, mas também o são curdos, alevitas e não-muçulmanos.

Ironicamente, hoje, é o governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), vítima de opressão no passado, que oprime o Movimento Hizmet e abertamente discrimina seus membros.

O que parece estar acontecendo na Turquia agora é um confronto entre o Movimento Hizmet e Erdogan. Porém, quando se olha além da superfície, é fácil detectar a liderança cada vez mais autoritária e arbitrária do governo de Erdogan. Tudo que Gülen pede é uma Turquia mais democrática.

Não foram os princípios do Movimento Hizmet que mudaram, mas a posição do governo – que, até recentemente, foi bem-sucedido em enganar a muitos com seu disfarce democrático.

Sevgi Akarçeşme*

*Colunista de “Zaman” (jornal turco com maior circulação no país), correspondente e blogger de “Today’s Zaman”, jornal em inglês na Turquia.

Publicado em Al Jazeera, 02 de março de 2014.

Fonte: http://pt-hizmetmovement.blogspot.com.br

Related Articles

Mailer