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A Questão do Povo Curdo

A Questão do Povo Curdo
março 17
16:03 2016

Em seu artigo recente no Der Spiegel, Maximilian Popp tenta analisar a tensão recente entre o Movimento Hizmet e o Partido do Desenvolvimento (AKP) na Turquia.

Há vários problemas no artigo, contudo, nesta coluna, eu gostaria de focar no seguinte ponto: No artigo, ele argumenta que “Entre outras coisas, os dois lados discordam sobre como lidar com os curdos. O Chefe da Inteligência Turca Hakan Fidan liderou negociações secretas de paz, em nome do primeiro-ministro, com separatistas curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Gülen, no entanto, urgiu o exército turco, em uma mensagem de vídeo, a ataca-los: ‘Encontrem-nos, cerquem-nos, destruam suas unidades, façam chover fogo sobre suas casas, cubram suas lamentações com mais choro e dor’ disse, ele.”

Primeiro, a citação acima sugere que enquanto o governo turco está tentando uma abordagem conciliatória, Gülen está propagando uma abordagem violenta, intransigente, voltada à defesa ao pedir ao exército turco que ataque os separatistas curdos. Nada disso é verdade e a citação está totalmente fora de contexto. No vídeo mencionado acima, Gülen gasta 45 minutos explicando que o problema curdo requer uma abordagem holística, empática, humanitária e compassiva, baseada em prover o povo curdo com seus direitos humanos e culturais inalienáveis. Ele explica que o problema não é econômico ou focado em defesa, mas muito mais profundo e abrangente que isto.

A abordagem progressiva de Gülen

No mesmo vídeo, ele critica o governo dizendo que este problema poderia ter sido resolvido nos últimos 10 anos e diz “eu sofro” com este problema (uma referência a um dos discursos do Primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan), enquanto não sentir, verdadeiramente, a dor do problema é uma mentira. Depois de passar 45 minutos argumentando por uma abordagem humana, compassiva, ampla, duradoura e conciliatória, Gülen diz, nos últimos três minutos do vídeo, que se – apesar de todos os esforços – alguns persistirem em cometer atos de terrorismo, então, e somente então, deveríamos orar para que a unidade de tais terroristas seja destruída e seus centros de controle aniquilados. Assim, a abordagem de Gülen é muito mais progressiva, abrangente e radical em sua busca por reconciliação e paz.

Ele defende no vídeo, por exemplo, o direito à educação em língua nativa nas escolas públicas (não somente nas escolas privadas), uma medida que o governo ainda opõe. Desta forma, o resumo acima e a comparação entre a posição de Gülen e a do governo é ilusória, para dizer o mínimo.

Tendo dito isso, Popp está certo quando diz que “os dois lados discordam sobre como lidar com os curdos.” A diferença fundamental que observei é que enquanto o governo tenta persuadir o PKK a depor suas armas, o Movimento dá um passo além e trabalha para remover os problemas sociais e culturais que causaram o conflito curdo. Observei isso em minha visita à região curda da Turquia no verão passado. Essa diferença se origina de características de ambas as partes.

Erdoğan e seu partido sempre adotaram uma abordagem “de cima para baixo” para os resolver problemas sociais que enfrentaram. O Movimento prefere um método “de baixo para cima”. Assim, Erdoğan vê o fim do PKK – um movimento curdo separatista, radical armado – como a solução para a questão curda. Como resultado deste entendimento, o governo tomou medidas para garantir alguns direitos sociais e culturais aos curdos e em troca exigiram que o PKK parasse suas atividades na Turquia.

Esta abordagem, de certa forma, legalizou as atividades do PKK aos olhos curdos. O PKK fazia demandas e quando o governo demorava a atende-las, lançavam operações na Turquia até que o governo tomasse medidas. Este processo colocou o PKK numa posição em que podia barganhar com o governo em nome dos curdos na Turquia, independentemente se eles apoiavam o PKK ou não. Se olharmos os direitos culturais democráticos dados aos curdos pelo governo, podemos facilmente perceber que cada passo foi dado logo após uma operação executada pelo PKK.

No entanto, desde o início, o Movimento apoiou qualquer medida democrática necessária em termos de direitos democráticos curdos. Eles abriram o primeiro canal de TV privado em língua curda, Dunya TV, apoiando os direitos democráticos dos curdos. Durante minha visita à região, em junho, minha observação do Movimento na área, com suas instituições e atividades de diálogo, indicou que eles estão ativamente contribuindo para a revitalização da cultura e língua curda.

É importante ressaltar que o Movimento está ativo na região curda do Iraque com suas escolas desde a década de 1990. Nestas escolas, o curdo é usado como uma das línguas principais de ensino. Seguindo a iniciativa do partido governante, AKP, sobre os curdos e a abertura do primeiro canal de TV curdo estatal, TRT 6, em 2009, o Hizmet abriu o primeiro canal de TV curdo privado. Enquanto eu estava na região, encontrei o diretor geral do TRT 6, Remzi Ketenci. Ketenci me disse, “Na verdade, tínhamos a ideia de abrir um canal curdo em mente há 10 anos. Porém, as leis o proibiam, então, esperamos pelas condições propícias para dar este passo.”

15 de 500 curdos conseguem ler e escrever em curdo

Ele também disse que outra iniciativa crucial, implementada pelo Movimento Hizmet, foi ensinar curdo por meio da Dunya TV. Ketenci disse que eles organizaram tal programa a pedido de Fethullah Gülen. Ele explicou que após a fundação do canal de TV, uma pesquisa foi conduzida para medir a porcentagem de pessoas que conseguiam ler e escrever em curdo na população curda da Turquia. As descobertas foram dramáticas: 15 de 500 curdos conseguiam ler e escrever em curdo. Ele disse que certa vez, enquanto estava visitando Gülen, compartilhou os resultados desta pesquisa com ele e pediu por conselhos. Gülen estressou a necessidade de ensinar curdo e considerou o assunto “urgente”.

Enquanto alguns membros do atual governo estão discutindo se o curdo é ou não uma língua oficialmente reconhecida, o Movimento declara que está pronto para usar o curdo como meio de instrução em suas escolas nas regiões solicitadas pelo povo.

Na verdade, esta é uma oportunidade para o PKK difamar o Movimento aos olhos do povo curdo. O PKK tem se mostrado muito desconfortável com as atividades do Movimento. O povo curdo apoia as atividades culturais e educacionais do Movimento na região porque as instituições educacionais do Movimento, ao contrário das escolas públicas, não têm o objetivo de absorver as crianças curdas. Ao contrário, o Movimento anunciou que está pronto para usar o curdo como língua de instrução se o governo tomar as medidas necessárias.

É importante lembrar que as tentativas do governo em fechar as dershanes (escolas preparatórias) refletem uma demanda vocalizada, também, pelo PKK. Figuras importantes do PKK como Murat Karayılan, Fehman Hüseyin e – até – o líder da organização, Abdullah Öcalan, que está preso, verbalizaram seu desconforto com as dershanes na região curda. De acordo com rumores, este desconforto foi mencionado pelo PKK durante as negociações de Oslo e o fechamento das escolas se tornou parte da barganha entre o governo e o PKK. Por que o PKK é contra as atividades do Movimento na região é uma questão importante, mas será tópico de outro artigo.

Mustafa Demir*

*Mustafa Demir é candidato a Ph.D. em Política e Relações Internacionais no Instituto de Ciências Sociais na Universidade Keele, no Reino Unido.

Publicado [em Inglês] em Today’s Zaman, em 2 de fevereiro de 2014.

Fonte: http://pt-hizmetmovement.blogspot.com.br

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