Turquia reforçará presença militar no norte de Chipre enquanto os EUA levantam embargo de armas
A Turquia está pronta para reforçar sua presença militar no norte de Chipre após uma decisão dos Estados Unidos de levantar um embargo de armas à nação insular etnicamente dividida, disse na quarta-feira o presidente turco Tayyip Erdoğan.
O líder turco disse à emissora CNN Türk em uma transmissão ao vivo que o levantamento das restrições era “inexplicável em termos de conteúdo e tempo”, e levaria a “uma corrida armamentista na ilha com este passo”.
O Chipre está dividido desde 1974, quando a Turquia interveio após um breve golpe cipriota grego orquestrado pela junta militar que então governava a Grécia. A ilha permanece dividida desde então entre a República do Chipre reconhecida internacionalmente e a República Turca do Norte de Chipre (RTNC), que só é reconhecida como um Estado pela Turquia.
Os Estados Unidos, no início deste mês, anunciaram sua decisão de pôr fim ao embargo de armas ao Chipre em 2023. O embargo foi decretado em 1987 para evitar que uma potencial corrida armamentista prejudicasse as conversações de paz com a RTNC da ilha mediterrânea. O projeto de lei para pôr fim ao embargo foi aprovado pela Câmara dos Estados Unidos em 2019, coincidindo com a compra da Turquia de sistemas de defesa antimísseis S-400 da Rússia.
“Será que vamos aguardar? Não podemos”, disse Erdoğan, acrescentando que a Turquia já tem 40.000 soldados na ilha e os reforçará com armas terrestres, navais e aéreas, munições e veículos.
“Todos devem saber que este último passo não ficará sem resposta e que serão tomadas todas as precauções para a segurança dos cipriotas turcos”, disse Erdogan.
Ancara instou os EUA a reconsiderar a decisão, advertindo que a medida prejudicaria os esforços para um acordo de paz em Chipre, levaria a uma corrida armamentista na ilha e prejudicaria a estabilidade regional.