Lira turca cai após governo acusar bancos estrangeiros de manipulação
A lira turca registrou nova mínima histórica ante a moeda americana nesta quinta-feira, ao ser negociada a 7,2685 por dólar. O movimento de pressão sobre a moeda ocorreu após o governo local ter anunciado uma retaliação à “manipulação” da divisa por bancos estrangeiros com sede em Londres, segundo informações do “Financial Times”.
De acordo com a agência Bloomberg, as autoridades proibiram que bancos locais negociem a moeda com o Citigroup, o UBS e o BNP Paribas, dizendo que as instituições não cumpriram suas obrigações com a lira. As instituições não responderam ao pedido de resposta da agência Bloomberg.
A queda da divisa veio após um recuo de 1,7% na sessão de quarta-feira, quando Berat Albayrak, ministro das Finanças e genro do presidente da Turquia, tentou tranquilizar os investidores de que a economia se recuperaria rapidamente dos impactos econômicos causado pelo novo coronavírus.
Segundo o “FT”, a agência de notícias Anadolu informou que as autoridades reguladoras iniciariam procedimentos legais contra as instituições e disseram que poderiam enfrentar “multas pesadas e proibições de transações”.
Na quarta-feira, as autoridades turcas publicaram novos regulamentos destinados a conter “transações manipuladoras e enganosas nos mercados financeiros”. Isso incluiria “tentar se beneficiar de flutuações ou negociações superficiais no mercado” usando ferramentas como swaps de moeda ou CDS e a divulgação de informações “incorretas ou enganosas” por
De acordo com investidores e analistas, a medida é uma tentativa do governo turco de evitar que especialistas, como instituições financeiras e a mídia, falem da crise econômica em curso no país.
Segundo o Commerzbank, a fraqueza da lira não é surpreendente, dado o colapso das receitas de exportação do país, o aumento do passivo cambial e a diminuição das reservas cambiais do banco central.
Há também preocupações sobre quanto tempo o banco central usará intervenções “complicadas e ineficazes” para conter o declínio da lira ou tentar aumentar as reservas cambiais por meio swaps de linha, diz Tatha Ghose, analista de câmbio da instituição.
Cristian Maggio, analista da TD Securities, afirma que questões estruturais não resolvidas continuarão a pesar contra a lira. “Na medida em que a queima de reservas do banco central – que ajudou a conter fraquezas adicionais na moeda – não é sustentável, esperamos um enfraquecimento maior daqui para frente”, afirmou.